Cinco discos de… Clara Nunes
Hoje, 2 de abril, completam-se 35 anos da morte de Clara Nunes, uma das maiores cantoras da música popular brasileira. Clara Francisca Gonçalves Pinheiro morreu, aos 40 anos, após sofrer uma parada cardíaca durante um procedimento cirúrgico, ficando internada por 28 dias em uma UTI (a causa oficial foi choque anafilático). Seu legado, imenso para a cultura (e para o canto), já foi tema de livro, documentário e um sem número de relançamentos e homenagens de cantoras influenciadas pela Guerreira, em várias vertentes musicais.
Clara começou A Voz Adorável de Clara Nunes (1966), com músicas de nomes como João Roberto Kelly, Álvaro Santos e Raul Sampaio, seguiu com Você Passa, Eu Acho Graça (1968) e Beleza Que Canta (1969), com composições de Carlos Imperial, Noel Rosa, Aldir Blanc, entre outros. Foi em Clara Nunes (1971), que tudo mudou. Convertida à umbanda, Clara propôs o resgate das tradições afro-brasileiras na música, fazendo grande sucesso. Até 1982, a cantora já havia se consolidado como uma das melhores intérpretes de todos os tempos. Sua discografia é rica e plural e, pensando nisso, Sapoti Cultural separou os cinco melhores álbuns de Clara Nunes.
Clara Nunes (1973)
Muita gente considera o álbum de 1973 o melhor de Clara. Só a primeira faixa, Tristeza pé no chão, vendeu 100 mil compactos à época de seu lançamento como compacto. Aqui, Clara interpreta com inigualável força e doçura clássicos como Minha festa, Apesar de você, Meu Cariri e É doce morrer no mar. Ao mesmo tempo que mostra a face consolidada da cantora, também é um disco para iniciados, sendo quase unanimidade.
Claridade (1975)
Só petardos do samba. Em 12 músicas, Clara condensa clássicos do cancioneiro: O mar serenou e Juízo Final, clássicos de Candeia e Nelson Cavaquinho e Elson Soares, têm suas versões definitivas cantadas. Os arranjos, enquanto acenam para a modernidade do samba, também flertam com cordas suntuosas. Claridade ajudou a Clara a fortalecer sua força como intérprete de samba/MPB e expandiu seu universo.
Canto das Três Raças (1976)
A faixa-título, um clássico absoluto, é tema até hoje de ensaios sobre os significados da música de Paulo Cesar Pinheiro e Mauro Duarte. A música tornou-se símbolo de Clara Nunes, relembrada muitíssimas vezes por outras intérpretes. Há outras composições, todas fazendo reverência e, ao mesmo tempo, dando um salto em termos qualitativos na interpretação. Alvoroço no Sertão e Fuzuê condensam a qualidade do canto de Clara.
Guerreira (1978)
Aqui, Clara refinou ainda mais o canto e aprofundou as incursões nas raízes afro-brasileiras.Guerreira (a faixa e o disco, frise-se bem) é um canto de liberdade religiosa e amor às figuras da umbanda. Talvez a obra mais reverente de toda a discografia, contém as canções mais variadas dentro do riquíssimo universo desbravado por ela. Uma espécie de compilação que reúne todas as vertentes da cantora em uma obra só.
Nação (1982)
O último disco de Clara dividiu opiniões. Enquanto seu canto só melhora, os arranjos deixam um pouco a desejar nas percussões, parte central, e focam . Sua voz, forte como nunca, dá potência para músicas como Nação, Ijexá e Serrinha (em homenagem ao Jongo da Serrinha, no bairro de sua escola de coração, a Portela). Clara também interpreta o quase bolero Amor perfeito e encerra o disco com o samba-choro Bela cigana.