Dividido em oito cenas, espetáculo de dança está em temporada popular no Teatro Carlos Gomes até 19 de agosto

Cobertos de lama, os bailarinos da Companhia de Dança Deborah Colker arrebatam o público desde a primeira cena do espetáculo “Cão sem plumas”. Em temporada popular no Teatro Carlos Gomes até 19 de agosto, a peça mistura cinema e dança ao reviver o poema homônimo do consagrado pernambucano João Cabral de Melo Neto. O texto, publicado inicialmente em 1950, retrata o abandono sofrido pelas pessoas que moram às margens do Rio Capibaribe, em Pernambuco.

A instigante coreografia dos bailarinos ganha força e dialoga com os vídeos em preto e branco filmados pelo cineasta Cláudio Assis. Além das imagens projetadas no fundo do palco, há uma iluminação especial e um cenário que remonta o aspecto solitário do lugar. O espetáculo é dividido em oito cenas e uma das mais marcantes é “Canavial”, na qual os dançarinos representam os cortadores de cana-de-açúcar.

Vale destacar ainda a cena seguinte, que interrompe a aridez do sertão com a entrada das “garças”. Três bailarinas entram no palco como se fossem a graça e a beleza da região. Ao mesmo tempo, elas também representam o descaso da elite pernambucana com a pobreza de quem vive às margens do rio.

Assim como a explicação da coreógrafa, “Cão sem plumas” não mostra apenas o duro cotidiano da população ribeirinha, mas traz uma mensagem maior sobre sofrimento e resiliência do ser humano. Assista a trechos do espetáculo, divulgado pelo Portal Cenário Cultural:

Prêmio histórico de Deborah Colker

“Cão sem plumas” também é uma referência internacional. Em junho, Deborah Colker conquistou o Benois de la Danse, o prêmio mais importante da Rússia. Essa foi a terceira obra da coreógrafa inspirada na literatura. As outras duas foram “Tatyana” e “Belle”.

A Companhia de Dança Deborah Colker estreou com o espetáculo “Vulcão”, em 1994. Na ocasião, foi convidada a abrir o festival O Globo em Movimento, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O grupo conquistou o público no ano seguinte com “Velox”, que se tornou um fenômeno no país. Entre suas peças mais aclamadas estão “4 por 4” (2002), “Nó” (2005) e “Cruel” (2008).

SERVIÇO

“Cão sem plumas”

Onde: Teatro Carlos Gomes – Praça Tiradentes, s/nº, Centro do Rio

Quando: Até 19 de agosto. Quinta e sexta, às 20h. Sábado e domingo, às 18h.

Quanto: Ingresso a partir de R$ 20 (meia entrada)

Classificação livre

Avaliação:Excelente

Gabriela Mattos

Tijucana antes de ser carioca. Jornalista de profissão, não vive sem a dança nas horas vagas. É apaixonada por livros, música, arte de rua e exposições.