‘Legalize Já – Amizade Nunca Morre’ conta como o amor entre amigos fez nascer o Planet Hemp

 em cinema e tv, música

Focando na amizade de Marcelo e Skunk, “Legalize Já – Amizade Nunca Morre” conta como a relação dos dois culminou na fundação do Planet Hemp, uma das maiores bandas surgidas na década de 90

 

Com enfoque na amizade de Marcelo e Skunk, “Legalize Já – Amizade Nunca Morre” conta como a relação dos dois culminou na fundação do Planet Hemp, uma das maiores bandas dos anos 90, que pregava a descriminalização da maconha, denunciava repressão policial e surgiu como um grito de resistência da juventude oprimida. A essência do grupo é definida por Skunk, mentor do Planet, que não viveu para ver o resultado de sua insistência com o parceiro: “A banda não é sobre maconha, é sobre liberdade”. Quer mais atualidade do que isso?! Se prepare, pois vem spoiler! O filme chega no dia 18 de outubro aos cinemas e a Pitaya Cultural viu antes e conta (quase) tudo.

O roteiro bem amarrado de Felipe Braga consegue dar consistência às narrativas que focalizam no nascimento do Planet Hemp; a luta de Skunk e Marcelo para sobreviverem com pouca grana; a gravidez de Sônia (Marina Provenzanno), mulher de Marcelo, com a tentativa deles em abortar o filho que ela esperava; a relação entre o futuro Marcelo D2 com o seu pai (Stepan Nercessian); além do drama de Skunk, portador do vírus HIV. A direção de “Legalize Já – Amizade Nunca Morre” é de Johnny Araujo e Gustavo Bonafé.

O papel do “guru” de Marcelo é feito com maestria por Ícaro Silva, que está impecável como Luís Antonio da Silva Machado, o Skunk, um jovem que vendia fitas cassete de bandas de punk, rock e rap para sobreviver. Sua vida cruza com a de Marcelo Maldonado Peixoto – muito bem interpretado por Renato Góes,  frustrado vendedor de camisas das mesmas bandas de punk e rock – bases do Planet Hemp, que definia seu som como “Raprocknrollpsicodeliahardcoreragga” – quando um foge do “rapa” (fiscalização) e o outro da polícia.

Outro ponto positivo de “Legalize Já” são as ótimas locações – as ruas das marginalizadas Lapa e Centro – que casaram bem com a cinzenta fotografia de Pedro Cardillo.

Skunk leva ‘dura’ em rua da Lapa: ponto positivo para ambientação com a fotografia de Cardillo | Divulgação Pedro Cardillo

No esbarrão, Skunk acaba ficando com o caderno de letras de Marcelo e impressionado com o seu talento. A partir daí, começa uma saga para fazer o desacreditado dar voz às suas composições e, claro, uma grande amizade.A autoestima do sofrido Skunk faz nascer um novo Marcelo, que desiste de abortar o filho que namorada Sônia esperava e aceita se apresentar com o parceiro. A primeira delas acontece em uma igreja – o que garante muitos risos.

Além da gravidez da namorada, Marcelo tinha que lidar com a cobrança do pai, que exige sua saída de casa. Após ficar sem teto e um filho para criar, ele vira vendedor na loja que ficava em frente ao seu “varal de camisas”. Enquanto isso, Skunk recusava o tratamento contra o HIV, alegando que os remédios “o deixavam mal”. O argentino Brennand (Ernesto Alterio) faz de tudo para o amigo não desistir, além de dar comida no seu bar para a dupla e ceder seu depósito, que vira “estúdio” nos primórdios do Planet Hemp.

A determinação de Skunk faz a banda conseguir com a produtora Suzana (Rafaela Mandelli) a histórica apresentação no Garage, lendário espaço underground.O show, que fecha “Legalize Já”, dá início ao sucesso do Planet Hemp.

Enquanto Marcelo faz shows fora do Rio, o amigo fica e sofre as consequências do vírus HIV. Sua morte em decorrência da Aids e o recebimento da notícia por Marcelo dá o tom dramático ao longa, e emociona o espectador. Seis meses depois, o Planet Hemp lança o álbum “Usuário”, em 1995, e ganha o Brasil.

A essência do filme é a história de amor (sim!) entre Marcelo e Skunk. Quase no final, um se declara para o outro nos trilhos dos Arcos da Lapa com um “eu te amo”. O longa conta com a participação da mãe de D2, Paulete Maldonado, uma vendedora que trabalha ao lado de Marcelo. 

LEIA TAMBÉM

– Rodas culturais ocupam as ruas e viram espaço de resistência do hip-hop

– Documentário ‘Quincy’ ajuda a construir aura mítica em torno de produtor

A produção de Paulo Roberto Schmidt mostra o quanto Skunk foi fundamental não só para o nascimento do Planet Hemp, mas também para a afirmação de D2 como artista, ao dar força e insistir que ele tinha talento e suas ideias precisavam ser compartilhadas com o mundo. Através da letras de Marcelo, Skunk ganhou voz contra a repressão aos pobres, pretos e, claro, usuários de maconha. Um grito que também era seu. “Legalize Já” é um tributo e tanto, que vai mexer não só com os fãs da épica banca.

Avaliação Pitaya: 10

 

Carrega em seu DNA a Lapa, região boêmia onde cresceu e viveu a maior parte da sua vida. Respira a diversidade artística e cultural que também é o oxigênio do bairro de quatro letras.

Comece a digitar e pressione Enter para pesquisar