Cinco discos de…Miles Davis
Conheça álbuns fundamentais do mais influente jazzista de todos os tempos
Já falamos por aqui sobre como a influência de Miles Davis, o maior jazzista de todos os tempos, repercutiu na história da música com este documentário. Como a produção fica devendo no aspecto sonoro, selecionamos cinco discos que compreendem diversas fases de Davis: do passeio aparentemente descompromissado pela música clássica ao experimentalismo radical que tornou-se seu álbum mais vendido. Há, certamente, muitos outros registros sobre as inúmeras contribuições artísticas do jazzista, mas achamos que este pode ser um belo começo.
Para se ouvir música instrumental, não é necessário conhecimento prévio na área ou mesmo formação específica. Ao contrário de supostos academicismos ou variações elitistas geralmente associadas ao jazz (ou a qualquer tipo de arte que tenha os instrumentos como norte), o gênero carece de novas iniciativas para cair no gosto popular. Há muita beleza e inventividade em algo aparentemente intransponível, e tal afirmação encontra eco nas criações de Miles Davis e muitos outros jazzistas. Esperamos que esses cinco discos possam ajudar a ampliar seu horizonte musical.
Eis os nossos escolhidos:
Birth of the Cool (1957)
Davis reuniu um noneto e, tendo a música clássica como principal influência, fez sua análise e interpretação definitivas do cool jazz (daí o título), que usa tempos mais relaxados que o acelerado bebop. São variações de quase o mesmo tempo, com profundo apelo ao pop. Na dúvida ouça ‘Move’, que já virou trilha sonora de jogos de videogame e ‘Jeru’, um petardo com apelo sinfônico por trás de sofisticadas linhas harmônicas e melódicas.
Kind of Blue (1959)
Kind of Blue é a bíblia definitiva do jazz. Se você quiser ter apenas um disco do gênero na sua estante ou arquivo, este tem tudo o que é necessário. Davis e seu sexteto (John Coltrane, Bill Evans, Julian ‘Cannonball’ Adderley, Winton Kelly, Paul Chambers e Jimmy Cobb) construíram um monumento sonoro que repercutiria em todas as vertentes musicais a partir de uma abordagem modal. Um disco sem prazo de validade.
Workin’ with The Miles Davis Quintet (1960)
Para se livrar de um contrato com a gravadora Prestige, Miles Davis fez em duas sessões em 1956 material suficiente para quatro álbuns. O melhor deles é este Workin’, com arranjos irretocáveis de Gil Evans, maestro e parceiro fundamental na carreira do jazzista. Aqui, clássicos como ‘It Never Entered My Mind’ ganham roupagem consagradora e imitável, enquanto temas próprios (‘The Theme’) se destacam pela força e fluência.
In a Silent Way (1969)
In a Silent Way é uma pegadinha, no bom sentido. Em formato de sonata, com movimentos clássicos, Davis faz seu primeiro exercício no chamado fusion, que mistura o jazz com o rock. São apenas duas músicas, com três seções cada, que estabelecem um novo patamar para seus colegas, confundo críticos e admiradores, mas sobrevivendo ao tempo como uma de suas obras mais influentes, além de marcar uma virada que o transformou profundamente.
Bitches Brew (1970)
Cinquenta anos depois, o caos controlado de Bitches Brew ainda ressoa no mundo do jazz e, principalmente, nas vertentes da música negra. Chamando figuras luminares como Chick Corea (piano elétrico), o brasileiro Airto Moreira (percussão) e John McLaughin (guitarras), Miles Davis rejeitou os ritmos tradicionais do gênero para apostar na improvisação e em arranjos costurados por Teo Macero em uma loucura vivaz e apaixonante.