Zeca Pagodinho mistura festa e religiosidade em live

 em música

Um dos maiores sambistas do Brasil mostrou setlist azeitado em 1h30 de apresentação

No feriado de Dia das Mães, neste domingo (10), um dos maiores sambistas do Brasil fez uma apresentação azeitada unindo festa e religiosidade. Zeca Pagodinho, aos 61 anos, mostrou vitalidade e força em pouco mais de 1h30, mostrando canções de diversas fases de sua carreira, em live promovida por uma marca de cerveja. Trajando uma calça jeans escura, camisa vermelha de botão e o indefectível óculos-escuros preto, Zeca saudou familiares, amigos e brincou com o árduo momento em que atravessamos por conta da pandemia do novo coronavírus.

O setlist, curto para o padrão das apresentações na internet, contou com sambas clássicos e outros mais novos de sua discografia. Zeca Pagodinho abriu os trabalhos com ‘Verdade‘, uma de suas pérolas composta por Nelson Rufino e Carlos Santana. Em seguida, Arlindinho, filho do sambista Arlindo Cruz, pediu o clássico ‘Saudade louca‘, composição com a participação de seu pai, presença contumaz no repertório do ‘filho de Xerém’. ‘Não sou mais disso‘, parceria entre Zeca e Jorge Aragão, surgiu em seguida.

Ainda em um ‘bloco’ sobre parcerias, o clássico ‘Lama nas ruas‘ (Zeca e Almir Guineto) foi entoado com precisão pelo sambista, que soube manter a canção e seu sentidos diversificados atualíssimos. Outra parceria entre Aragão e Pagodinho, ‘Mutirão de amor‘ veio consolidar a intenção solidária da live de Zeca Pagodinho, cujas doações de alimentos foram destinadas à Central Única das Favelas (Cufa), importante ONG que assiste às favelas da cidade do Rio de Janeiro. Segundo os números do Youtube, a apresentação passou de 1 milhão de espectadores.

Após ‘Minta meu sonho‘, veio a nova ‘Mais feliz‘, que nomeia o novo álbum de Zeca, um dos grandes discos do ano passado. ‘Vai vadiar‘ (de Ratinho e Monarco) e ‘Jura‘, sambas bastante celebrados pelo compositor, deram lugar a três pérolas que evocam religiosidade: ‘Ogum‘, ‘Minha fé‘ e ‘Patote de Cosme’. Na segunda, o sambista desabotoou os botões de sua camisa para mostrar uma guia espiritual, que exibiu com orgulho ao saudar conhecidos, um dos momentos mais bonitos da apresentação.

Depois de uma pequena pausa para a versão instrumental de ‘Eu sou o samba‘, Zeca jogou o clássico de Cartola e Elton Medeiros na roda, ‘O sol nascerá‘. Ainda viriam petardos como ‘Seu balancê‘, ‘Coração em desalinho‘, ‘Deixa a vida me levar‘ e ‘Maneiras‘, onde a brincadeira foi inevitável. Zeca, em alusão à própria saúde física e à vigilância do Conar, subverteu os versos da canção: ‘Se eu quiser fumar, eu não fumo! Se eu quiser beber, eu não bebo!’, frisou, sorrindo marotamente. Ao fim, um medley de ‘Vou botar teu nome na macumba/Casal sem vergonha/SPC/Brincadeira tem hora‘. Poderia durar mais tempo, mas com sua live Zeca Pagodinho mostrou porque é um dos maiores nomes da música brasileira de todos os tempos.

Avaliação: Ótimo

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