10 discos brasileiros lançados no primeiro semestre
Diferentes gerações encaram desafio de lançar álbuns durante a quarentena
Normalmente, quando um artista lança um disco, o caminho natural é seguir em turnê de divulgação do novo trabalho. O percurso foi interrompido em uma série de lançamentos fonográficos brasileiros durante o primeiro semestre, devido à desafiadora pandemia do novo coronavírus, que atinge brutalmente o país. Selecionamos 10 discos brasileiros que saíram neste primeiro semestre, alguns concebidos justamente durante o período de isolamento social.
Letrux Aos Prantos
Lançado numa sexta-feira, 13 de março, esse é o segundo álbum de estúdio da cantora e compositora carioca Letrux. O sucessor do dançante Letrux Em Noite de Climão, que “rompeu a bolha” e ganhou um DVD ao vivo, tem participações de Liniker e Lovefoxxx e um tom mais sombrio.
Josyara & Giovani Cidreira – Estreite
Frutos da diversa e interessante cena baiana, os artistas se uniram ao projeto Joia Ao Vivo, que tem curadoria de Marcio Debelian e do DJ Zé Pedro. No disco, há apenas composições individuais e, mesmo assim, deu liga e há um senso de unidade e coesão.
Adriana Calcanhotto – Só
O isolamento social levou a artista gaúcha a se desafiar, compondo uma música por dia antes do almoço. Lançado no final de maio, com produção de Arthur Nogueira, o disco despertou ainda mais atenção pela colaboração com Dennis DJ na faixa que o encerra, “Bunda Le Lê”, que recebeu uma série de críticas. As oito faixas ainda viraram um “clipão da quarentena”, com a artista dançando e cantando do próprio quarto.
Silvia Machete – Rhonda
Primeiro álbum inteiramente em inglês de Silvia, “Rhonda” escancara o talento vocal da artista e traz parcerias com o produtor e arranjador do disco, Alberto Continentino, além de Emerson Villani e do norte-americano Nick Jones (roteirista de ‘Glow’ e ‘Orange is the new black’). A sonoridade requintada passeia entre o soul, o jazz e a bossa, e traz apenas uma regravação: With no one else around (1978), de Tim Maia.
Black Alien – Babylon by Gus vol. 1 – O Ano do Macaco Ao Vivo
Pouco mais de um ano depois de seu terceiro trabalho solo, o rapper niteroiense liberou, no último dia de junho, as versões ao vivo de seu debutante Babylon by Gus vol. 1 – O ano do macaco. As 12 músicas do trabalho lançado originalmente em 2004 foram registradas em 2018, em show realizado no Circo Voador.
Ira! – IRA
Primeiro disco de inéditas em 13 anos, “Ira” teve produção de Apollo 9 e foi lançado no começo de junho. Após selarem as pazes, Edgard Scandurra e Nasi entregraram um álbum vigoroso como há muito não se via na discografia da banda.
Mahmundi – Mundo Novo
As sete faixas do terceiro trabalho da artista representam uma certa virada estética, com arranjos mais orgânicos e espaço para outros autores. O álbum foi lançado antes mesmo do confinamento provocado pela pandemia, mas se comunica diretamente com a época, tratando de solidão e esperança na medida certa.
Tatá Aeroplano – Delírios Líricos
Quinto álbum solo do paulistano, o álbum saiu em maio, depois de ser adiado por um mês. A viagem autoral abre espaço para apenas uma regravação, parceria de Jorge Mautner com Paulo Jacobina, “Ressurreições”.
As Bahias e a Cozinha Mineira – Enquanto estamos distantes
Com o sugestivo nome, o álbum foi concebido durante o isolamento, com cada um dos integrantes contribuindo de suas casas. Marcando a estreia de Rafael Acerbi na produção, ele divide as vozes com Raquel Virgínia e Assucena Assucena em cinco canções autorais, entre a leveza, o carinho e a sedução. O projeto gráfico da multiartista trans Patrick Rigon é um espetáculo à parte.
Gabriel Muzak – Eita Muzak 2/20
O segundo de uma série de 20 discos que o músico e produtor Gabriel Muzak, radicado em Portugal, faz o artista re-cair no grave. Entre o rap e o funk, o dançante álbum tem a participação de Deize Tigrona em “Kum Bum no Chão”. Destaque para “Eu Desenho”, em crítica ao presidente Jair Bolsonaro.