Mostra ‘Estúdio Hammer – A Fantástica Fábrica de Horror’ exibe ‘Atração Mortal’, com Ingrid Pitt

 em artes, cinema e tv

Clássico do horror inglês traz a primeira vampira da história neste sábado, no CCBB Rio. No dia 21, Rodrigo Aragão, diretor de ‘A Noite dos Chupacabras’ participa da primeira atividade online da mostra que acontece até dia 1º de fevereiro

 

Neste fim de semana, a atriz Ingrid Pitt, a mais famosa e sedutora de todas as vampiras, domina a mostra ‘Estúdio Hammer – A Fantástica Fábrica de Horror‘, sobre a famosa produtora de filmes de terror inglesa, do Centro Cultural Banco do Brasil. No sábado, ela é a vampira Carmilla no cult ‘Atração Mortal‘ (The Vampire Lovers, 1970), que será reprisado no dia 23. No domingo, Ingrid encarna a ‘Condessa Drácula (Countess Dracula, 1971)’, que também passa no dia 24.

O longa Atração Mortal, de Roy Ward Baker, uma dos 30 títulos da mostra, revela a personagem Carmilla, a primeira vampira da história, criada pelo escritor irlandês Joseph Sheridan Le Fanu, em 1871, antes do icônico Conde Drácula, de Bram Stoker, de 1897. Sotker leu “Carmilla” e é clara sua influência no mais famoso personagem de filmes clássicos de terror.

Linda e sedutora, liberada sexualmente, Carmilla preferia as mulheres. Ela surge em um conto gótico que tem seu nome no título, considerado um dos melhores do Século XIX, especialmente por sua mistura de suspense e erotismo. A atriz Ingrid Pitt ficou famosa depois desse papel e, em seguida, brilhou também em Condessa Drácula, de Peter Sasdy, que, para conquistar a eterna juventude, banhava-se no sangue de mulheres jovens, capturadas com a ajuda do seu amante.

A sedutora vampira interpretada por Ingrid Pitt

“Em matéria de inteligência, beleza e periculosidade a vampira de Ingrid Pitt só pode ser comparada à de Catherine Deneuve em Fome de Viver”, comenta o curador da mostra Eduardo Reginato, que tem Atração Mortal entre seus filmes preferidos.

Atividade online com diretor de ‘A Noite dos Chupacabras’

No dia 21 de janeiro, às 19h, acontece a primeira atividade on-line da mostra: a masterclasscom o cineasta Rodrigo Aragão, a maior referência em filme de terror no Brasil. Ele dirigiu ‘A Noite dos Chupacabras‘ e ‘O Cemitério das Almas Perdidas‘, entre outros filmes.

Rodrigo, que é especialista em maquiagem e efeitos especiais, falará sobre o início das maquiagens de monstros no cinema, com destaque para os filmes produzidos pelo Estúdio Hammer e, especialmente, sobre o trabalho do lendário maquiador Roy Ashton, responsável pelos efeitos em maquiagem de quase todos os filmes do Estúdio, tendo como foco principal A múmia (The Mummy, 1959) e Epidemia de Zumbis (The Plague of the Zombies, 1966). Além, claro, de contar como essas obras influenciaram o seu trabalho. Os links para as atividades on-line, gratuitas, com capacidade para 500 pessoas, são divulgados na página www.facebook.com/mostraestudiohammer.

Cineasta Rodrigo Aragão participa de atividade online

Sobre a mostra

A mostra ‘Estúdio Hammer – A Fantástica Fábrica de Horror’ é a maior já realizada na América Latina com os famosos filmes clássicos de horror produzidos pelo mais antigo e tradicional estúdio de cinema inglês. Os curadores selecionaram longas-metragens produzidos entre as décadas de 1950 e 1970 que tem uma legião de fãs no mundo todo e que são, até hoje, cultuados, copiados, parodiados e reverenciados. A programação completa pode ser vista em www.facebook.com/mostraestudiohammer.

Entre os fãs de carteirinha estão cineastas como Quentin Tarantino, Guillermo Del Toro, Steven Spielberg, David Lynch, Tim Burton e Martin Scorsese que, quando era adolescente, não perdia um título do estúdio e declarou: “quando víamos o logotipo da Hammer sabíamos que era um filme muito especial, uma experiência surpreendente”.

As sessões dos filmes acontecem nos cinemas dos CCBB até o dia 6 de fevereiro. A mostra também vai para São Paulo (de 20 de janeiro a 8 de fevereiro), depois Brasília (de 2 a 21 de fevereiro). Serão realizados também eventos on-line, todos gratuitos: a masterclass (21/01, 19h) com o cineasta Rodrigo Aragão; dois debates (28/01 e 04/02, 19h); e um curso de três aulas com o curador Eduardo Reginato (27/01 e 3/02, 19h; 10/02, 20h). O projeto é patrocinado pelo Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Além dos filmes com Ingrid Pitt, os curadores Eduardo Reginato e Danilo Crespo destacam, entre os títulos da mostra, o primeiro filme do Estúdio Hammer com o Conde Drácula – Vampiro da Noite (Horror of Dracula, 1958), com os atores que se tornariam os grandes astros do gênero – Peter Cushing e Christopher Lee; uma versão do clássico de Sherlock Holmes ‘O cão dos Baskervilles’ (The hound of the Baskervilles, 1959); os filmes de múmias e monstros de Frankenstein que tem um toque especial, diferente dos clássicos americanos, como ‘A maldição da múmia’ (The curse of the mummy´s tomb, 1964) e ‘O horror de Frankenstein (The horror of Frankenstein, 1970).

“O segmento de horror dos Estúdios Hammer surgiu devido a imensa demanda dos adolescentes e jovens adultos por histórias mais violentas, sensuais e aterrorizantes diferentes da morna e conservadora programação da TV inglesa. No Brasil, os filmes eram exibidos nas sessões da madrugada nas TVs, nos anos 1970 e 1980. Era comum as crianças e adolescentes fingirem dormir até o momento da madrugada em que o filme da Hammer começaria e na ‘clandestinidade’ ligar a TV para assistir um delicioso filme de terror que mais divertia do que assustava”, observa Reginato.

O Estúdio Hammer era uma pequena produtora britânica de produção familiar que dominou o mercado global de terror e continua sendo altamente influente. A Hammer ressuscitou os ícones góticos descartados por Hollywood após a II Grande Guerra em filmes elegantes, sensuais e violentos que capturaram a essência da forma literária original e funcionaram como reflexos sombrios do drama convencional, da mesma forma que narrativas góticas inverteram o realismo oitocentista. Embora a idade de ouro do Hammer tenha terminado no início dos anos setenta, a marca continua sendo sinônimo de horror e o estúdio, muito parecido com Drácula, saiu recentemente do túmulo e voltou a produzir novos filmes.

Durante 40 anos o Estúdio Hammer produziu mais de 300 obras. Seus filmes lançaram estrelas que se tornaram lendas do cinema, foram dirigidos por grandes cineastas e são marcados por compositores talentosos. O legado do Hammer ajudou a revitalizar todo um gênero de histórias, deu origem a alguns dos maiores talentos da Grã-Bretanha e continuou a inspirar outros filmes como The Rocky Horror Picture Show, The Mummy (versões de Brendan Fraser e Tom Cruise), Um Sonho de Liberdade e muitos outros.

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