Tunico da Vila lança música antirracismo em parceria com Djonga e Mary Jane

 em música

‘Fogo no Racista’ vem contra o negacionismo diante da pandemia da covid-19

A foto que ilustra a postagem é de Alexandre Bizinoto

O sambista Tunico da Vila juntou-se ao rapper mineiro Djonga e à rapper capixaba Mary Jane para cantarem juntos suas indignações sobre o racismo explícito e o genocídio nesta pandemia da covid-19. O single e o videoclipe de ‘Fogo no Racista’ serão lançados pela Sony Music na próxima sexta (10), em todos os aplicativos de música e no canal do YouTube do artista. A canção retrata o clamor dos protestos nas ruas pelo Brasil contra o negacionismo diante quase 600 mil mortes provocadas pelo novo coronavírus.

A música foi gravada no Rio de Janeiro, com arranjos de Jota Moraes, Boris e beats do DJ Ajax. Já o videoclipe foi filmado em Queimados, no Espírito Santo, um dos raros sítios históricos de memória negra preservados no país. O clipe também apresenta o monumento gigante do herói negro Chico Prego, que comandou a luta pela liberdade em Queimados. Segundo Tunico, o local foi escolhido para lembrar que, desde 1849 até hoje, a luta do povo negro para sobreviver ao racismo estrutural não acabou. Queimados é um museu a céu aberto das ruínas da igreja que os negros escravizados construíram com suas mãos; o local foi restaurado durante a pandemia.

Na letra da parte do samba, Tunico da Vila canta: “o negacionismo é malignidade, a fome tá comendo/ chega de sofrimento, se liga aí descolonize o pensamento” e “pretas e pretos na universidade/ isso é fogo no racista”; a expressão é utilizada pelo movimento antirracismo e faz referência ao racismo estrutural presente no Brasil.

“O samba sempre esteve em consonância com o que acontece nas ruas, com o povo. Estou me posicionando gravando, cantando, pra ficar registrado aí que não compactuo com os ataques à democracia, o genocídio na pandemia, o racismo estrutural e a falta de comida. O sambista precisa estar do lado do povo, o silêncio musical de muitos artistas do samba me incomoda. Não foi assim que aprendi, quem é do samba não pode deixar de gritar junto com o povo. Quando teve golpe, na ditadura, os sambistas retrataram cantando o que o povo estava passando com os militares. Eu chamei o Djonga, que é de terreiro como eu e está indignado, e a Mary Jane que é uma mulher preta consciente do seu papel. Se tiver que juntar com outros irmãos musicais de outros segmentos, não vejo problema, só não pode ser negacionista, aí não dá. Vim de uma casa politizada. O samba é negro, de terreiro e veio do gueto, são de lá os que estão mais sofrendo”, explicou Tunico.

https://www.youtube.com/c/TunicodaVila2

Comece a digitar e pressione Enter para pesquisar