Exposição ‘Nise da Silveira – A revolução pelo afeto’ ganha acessibilidade pioneira
Experiência Sonora Descritiva fica no CCBB Rio até 15 de novembro
Sucesso de crítica e público, a exposição Nise da Silveira – A revolução pelo afeto, em cartaz no CCBB Rio de Janeiro até 15 de novembro, ganha projeto pioneiro em acessibilidade, intitulada “Experiência Sonora Descritiva” quando, de forma amorosa, recria o ambiente da exposição no formato de dramaturgia, como uma radionovela. Um elemento diferenciado e inédito dos programas de audiodescrição, com equipe coordenada pela Inclusive Acessibilidade, de Georgea Rodrigues, jornalista e dubladora, especialista em projetos acessíveis. Nesta prorrogação, a mostra também ganha o mundo com a possibilidade de ser vista em 360º, através do site do CCBB. A “Experiência Sonora Descritiva” também pode ser conferida pelo link: www.nisenoccbb.com.br/audiodescricao
Com quase uma hora, a experiência de áudio nas três salas (e no corredor) de Nise da Silveira – A revolução pelo afeto, foi idealizada para pessoas com deficiência visual, mas também uma experiência para todos os visitantes. O processo foi desenvolvido coletivamente por toda e equipe de acessibilidade e composta também por atores e dubladores que reconstituem imagens do universo particular da doutora Nise, como seu pai, seu marido, a própria Dra, a faxineira do atelier, o fotógrafo, dentre outras pessoas que se transformaram em personagens reais da “Experiência Sonora Descritiva”.
Sob a orientação da portuguesa Josélia Neves, professora, doutora em Estudos de Tradução pela Roehampton University (Reino Unido) e Universidade de Aveiro (Portugal), e professora e pró-reitora na Hamad bin Khalifa University, no Catar, a mostra também conta com a roteirista Georgea Rodrigues e Letícia Schwartz, o desenho de som da editora de cinema Maria Muricy, da ABC e dois usuários do recurso de audiodescrição e consultores com deficiência visual: Rafael Bráz, que também é psicólogo e, Cida Leite, consultora em acessibilidade. Vozes de atores dubladores reconhecidos por personagens famosos do cinema e de séries, como Capitão América, Tocha Humana, Grey’s Anatomy, Billy Holliday, Rei Leão, dentre outros, fazem parte dessa equipe. Abaixo, ficha técnica, bem como a referência dos seus personagens, na mostra e no audiovisual.
“Trabalhar com uma equipe em que o rigor, a criatividade, a responsabilidade e a dedicação são totais, é a maior realização pessoal que se pode ter. Neste projeto aprendi, mais uma vez, como é produtiva a força do trabalho colaborativo. E como é único qualquer trabalho feito com amor”, reflete Josélia Neves.
A abordagem amorosa da psiquiatra Nise da Silveira ultrapassou os muros do hospital e ganhou o mundo. Com cerca de 90 obras surpreendentes de artistas do Museu de Imagens do Inconsciente estão dispostas em três salas do CCBB, ao lado de peças de Lygia Clark, Abraham Palatinik e Zé Carlos Garcia, retratos de Alice Brill, Rogério Reis e Rafael Bqueer, vídeos de Leon Hirzsman e Tiago Sant’Ana, reproduções de desenhos de Carl Gustav Jung, aquarelas, fotos e uma instalação de Carlos Vergara. A curadoria de Nise da Silveira – A revolução pelo afeto é do Estúdio M’Baraká, com consultoria do psiquiatra Vitor Pordeus e do museólogo Eurípedes Júnior.
“Quando recebemos a proposta de acessibilizar a exposição Nise da Silveira – A revolução pelo afeto para as pessoas com deficiência visual, imaginei que não poderia ser nada igual ao que vínhamos fazendo. Teria que ser algo inovador, diferente, ‘transgressor’ como a própria obra da doutora Nise da Silveira sugere. E assim, convidei Joselia Neves, doutora em audiodescrição e pessoa do mundo, para nos levar para algo novo. Ela nos perguntou: ‘Tens coragem?’ E eu respondi: ‘tenho medo, mas sou cheia de coragem!’. No entanto, nosso desejo era realizar o trabalho além da audiodescrição, um serviço que contemplasse também videntes. Que fosse de fato uma ‘Experiência Sonora Descritiva’, que fosse de fato inclusivo. E para todos!”, afirmou Georgea Rodrigues.