‘Pão e Circo’ reflete sobre as consequências do abandono paterno

 em artes

Peça cria história sobre paixão, sonhos, memória e a importância dos vínculos familiares

O que leva um atleta querido e campeão a decidir mudar o rumo de sua vida logo após uma partida histórica? Com direção de Isaac Bernat, o espetáculo Pão e Circo, que estreia dia 20 de agosto no Sympla, parte de um momento decisivo da carreira de um goleiro carioca para refletir sobre uma epidemia social silenciosa: o abandono paterno. Idealizada pelo ator e autor Pedro Monteiro, que assina a dramaturgia com Leonardo Bruno, a peça se inspira nos milhões de brasileiros que crescem sem o afeto do pai para criar, de maneira poética, uma história sobre paixão, sonhos, memória e a importância dos vínculos familiares.

As sessões, de sexta a domingo, a partir das 18h, exibirão uma gravação do espetáculo realizada em junho deste ano, com direção de vídeo de Cavi Borges.

Mais de 5 milhões de brasileiros não têm o nome do pai na certidão de nascimento, e mais de 11 milhões de famílias são formadas por mães solo. O que esse abandono afetivo pode provocar na criança e no adolescente e que consequências deixa no adulto? “Neste espetáculo, quis trazer para o teatro um assunto relevante para a nossa sociedade: o papel do homem na criação dos filhos. E, para isso, optei por falar sobre a não criação. De que maneira essa lacuna influencia na vida do nosso personagem Edu? O pano de fundo da história é o futebol, uma paixão nacional, e um esporte que costuma criar vínculos fortes entre pais e filhos”, explica Pedro Monteiro, idealizador, coautor e protagonista do espetáculo

Edu é um goleiro carioca, nascido e criado em Madureira, e titular do time Capela Futebol Clube. A história começa durante um jogo de decisão de campeonato e vai intercalar cenas da partida com outras que mostram a relação de um garoto e seu pai, um jogador de futebol. Um embate familiar vai mudar o rumo dos personagens. No elenco, estão Pedro Monteiro (Edu), Gabriela Estevão (narradora), Henrique Eduardo (jovem) e Osvaldo Mil (Júlio). “A trama mostra a importância dos vínculos familiares no nosso processo de amadurecimento. Muito do que a gente ouve aos 10, 11, 12 anos de um pai, mãe ou professor, fica guardado para sempre. Ao mesmo tempo, queremos mostrar o processo de cura de alguém que foi abandonado pelo pai. A personagem da Gabriela Estevão é, ao mesmo tempo, narradora, psicóloga e consciência, que vai levantar questionamentos e levar dados jornalísticos para a história”, explica o diretor Isaac Bernat.

Para Leonardo Bruno, coautor da peça, o espetáculo quer levar o espectador a pensar sobre o amor entre pais e filhos e a diferença entre os nossos sonhos genuínos e aqueles que herdamos da família. “Estamos em um momento de pandemia, com sentimentos como o luto, o medo, a tristeza a revolta, muito aflorados. E essa peça faz um retorno a um dos nossos sentimentos mais primitivos, que é o amor pela mãe e pelo pai. Temos a vontade de que a história faça o espectador abrir seu leque de afetos neste momento tão difícil”, observa. “A gente optou por não focar nos motivos que levam um pai a abandonar seu filho, mas no que isso vai provocar em quem foi abandonado. E de que maneira é possível superar as dificuldades e nos reconectar com nossos sonhos e com a criança que a gente foi um dia”, acrescenta.

Pão e Circo foi um espetáculo idealizado para os palcos e adaptado para o formato virtual devido à pandemia. A obra foi filmada em dois dias no Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro, em julho de 2021. “Essa experiência foi muito interessante porque tivemos um diretor de teatro e um de cinema, então a gente fez uma mistura de verdade dessas duas linguagens e pensamentos e não apenas um registro da peça. Filmamos plano a plano”, comenta o cineasta Cavi Borges. Também fizeram parte da equipe criativa Doris Rollemberg (cenário), Bruna Falcão (figurino), Charles Kahn (direção musical), Andrea Jabor (preparadora corporal) e Aurélio de Simoni (iluminador).

Serviço – Pão e Circo

Temporada: de 20 de agosto e 3 de outubro

Dias e horários: sextas, sábados e domingos, a partir das 18h. O vídeo ficará disponível por 24 horas

Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Vendas pelo Sympla (www.sympla.com.br/pao-e-circo__1288660)

Tempo de duração: 35 minutos

Classificação etária: Livre

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