Monólogo com Rose Abdallah tem música original de André Abujamra e ganhou prêmio de melhor figurino

O russo Leon Tolstói é, sem dúvida, um dos principais nomes da literatura ocidental, mas sua relação tóxica com a esposa Sofia veio a ser revelada nos palcos com o monólogo “Só vendo como dói ser mulher do Tolstói“, que encerra temporada no Teatro Glauce Rocha. O autor de “Guerra e Paz” tem seu machismo exposto no texto de Ivan Jaf, com direção Johayne Hildefonso e interpretação de Rose Abdallah, que também é idealizadora do projeto. A música original é de ninguém menos que André Abujamra, que coleciona trabalhos no teatro e se consagrou com Os Mulheres Negras.

O trabalhado figurino de época, por Giovanni Targa, foi indicado ao Prêmio Shell e venceu o Prêmio Fita. Na montagem, Rose vive Sofia, ofuscada pela fama do marido por dois séculos e cujos diários escritos durante 48 anos comprovam um relacionamento patriarcal, machista e abusivo. O monólogo mistura épocas – inícios dos séculos XX e XXI – e espaços – Rússia e Brasil, contando que nos bastidores da vida de um grande homem, havia mesmo uma grande mulher, mas ela foi massacrada e oprimida.

Conhecia Sofia Tolstói apenas por foto e sempre ao lado do marido Leon Tolstói, o grande romancista russo. Quando li o monólogo, foi uma mistura de sentimentos: amor por ela e choque por conhecer o outro lado de Tolstói. Apesar de toda a sua genialidade, ele era um homem comum, um russo seguidor fiel dos ensinamentos do Domostroi, que, em russo, significa ‘ordem na casa’, ‘se o marido não domar a esposa, todo lar desmorona’. Conheço várias mulheres que ainda hoje vivenciam os mesmos conflitos que Sofia. Talvez leve mais alguns séculos para que uma mudança concreta ocorra e que, finalmente, as mulheres tenham seu protagonismo reconhecido.

Rose Abdallah

Serviço

Onde: Auditório Murilo Miranda/Teatro Glauce Rocha 📍
Quando: Sexta e sábado, 2 e 3 de fevereiro, às 19h30
Quanto: R$ 20 (meia) e R$ 40 – Ingressos

Foto: Alberto Maurício/Divulgação