Festival de cinema dedicado aos caminhos da consciência chega ao digital
Obras investigam a subjetividade e oferecem novas camadas de reflexão sobre temas relevantes
A foto que ilustra a postagem é de Luiz Abramo
Com perfil ímpar no Brasil, o Festival Internacional Cinema e Transcendência exibe filmes que exploram a experiência da transformação pessoal a partir das suas narrativas. São obras que investigam a subjetividade e oferecem novas camadas de reflexão sobre temas relevantes da contemporaneidade. Os títulos selecionados para o festival transcendem padrões e promovem uma relação transformadora entre o cinema e a realidade de cada pessoa, abordando temas como a espiritualidade, práticas de autoconhecimento, meditação, biografias de estudiosos, sábios ou gurus, ancestralidade, expansores alucinógenos, terapias, xamanismo e outras questões que perpassam o caminho de busca pela consciência. “O que nos nutre é a possibilidade de promover a relação do cinema como arte mediadora entre o sentido estético e a experiência introspectiva de autoconhecimento”, já disse o curador André Luiz Oliveira.
Para esta sétima edição, numa versão amplificada através do ambiente digital, os curadores optaram por apresentar uma seleção de alguns dos mais aclamados filmes de edições anteriores, ao lado de dois títulos inéditos. O primeiro deles é “Psicomagia”, o mais recente do chileno Alejandro Jodorowsky, patrono do Festival, para quem o cinema é capaz de “transformar almas e mentes”. Respeitosamente reconhecido como Don Alejandro “El Brujo”, Jodorowsky tem uma legião de seguidores pelo mundo que acompanha o seu trabalho terapêutico batizado por ele de ‘psicomagia’. Esse trabalho que Jodorowsky desenvolve há décadas, paralelo ao cinema e a outras atividades artísticas, é o tema de um livro com o mesmo nome e do seu novo filme. Nele, o cineasta, escritor, poeta, tarólogo e psicólogo selvagem, revela os princípios da sua técnica criativa e única que, através da arte, promove curas físicas, mentais e espirituais. O filme abre a programação e terá exibição única, no dia 7, às 21h.
O segundo inédito é “O Outro Lado da Memória”, mais recente longa documentário/ficção de André Luiz Oliveira, premiado na Mostra Brasília do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que conta a saga do diretor para filmar o épico livro “Viva o Povo Brasileiro”, obra-prima de João Ubaldo Ribeiro. O projeto não chega a ser concretizado após uma década de trabalho intensivo, porém, muita coisa foi produzida e, no “outro lado da memória”, é o próprio diretor quem narra e conduz o documentário em busca de respostas. O filme será exibido no contexto das homenagens ao Dia da Consciência Negra e contará com conversa com o diretor após a exibição. Também fazem parte da homenagem as exibições de “Orin – Música para os Orixás”, de Henrique Duarte, que mostra a influência da música do Candomblé sobre os mais variados gêneros da música popular brasileira; e “Gangbé”, produção suíça assinada por Arnaud Robert, que não mostra a busca de africanos pela Europa mas, ao contrário, de forma poética apresenta novos caminhos.
Também estão na programação títulos provocadores como “Crazy Wisdom”, sobre a história do brilhante bad boy do Budismo, Chögyam Trungpa, líder de artistas de vanguarda dos Estados Unidos, como John Cage e Allen Ginsberg. Ou “Dying to Know”, um retrato íntimo de dois grandes personagens do século XX, os professores de Psicologia de Harvard, Timothy Leary e Richard Alpert, que experimentaram os limites da consciência através do uso de alucinógenos. E ainda “Finding Joe”, com uma verdadeira viagem pela psique humana sob a ótica e orientação do mitologista americano Joseph Campbell. Os três filmes contarão com participação dos diretores na apresentação.
O festival ainda reserva obras-primas como “Ponto de Mutação”, adaptação para o cinema do clássico de Fritjof Capra feita pelo irmão do escritor, Bernt Capra, e “Shadows of Paradise”, sobre as transformações vividas pelo Movimento de Meditação Transcendental, a partir de alguns de seus mais consagrados seguidores, como o cineasta David Lynch.
As três semanas de programação terão também conversa e música, tudo gratuito. Logo na abertura (7/11, 20h), será transmitido o show ‘Expresso Oriente’, diretamente do Teatro do CCBB Brasília, reunindo o cineasta e músico André Luiz Oliveira (sitar) e o pesquisador de música oriental e instrumentista Bernardo Bittencourt (alaúde turco). Estão programadas ainda lives com o neurocientista Sidarta Ribeiro (12/11, 20h) e a Monja Cohen (sobre ‘A Escuta do Silêncio’, 14/11, 20h). Essas três atividades poderão ser assistidas também nas redes sociais dos CCBBs.
O 7º Festival Internacional Cinema e Transcendência vai oferecer ainda uma edição única de Medittasom, uma prática online de meditação sonora em áudios 3D, que promove o encontro com a paz interior a partir de sons e vibrações de mais de 20 instrumentos musicais contemporâneos e ancestrais, de várias partes do mundo, escolhidos e tocados pela musicoterapeuta Anna Heuseler. A ideia é tornar a prática da meditação o mais prazerosa possível. Para participar, basta ter um fone de ouvido. Anna Heuseler é musicoterapeuta, multiinstrumentista e empreendedora; trabalha com práticas meditativas e saúde mental há mais de 6 anos.
Serviço – 7º Festival Internacional Cinema e Transcendência
Data: 7 a 27 de novembro de 202
Acesso gratuito à Mostra: www.festivalcinemaetranscendencia.com