‘O tradutor’ conquista pela sensibilidade

 em cinema e tv

Com atuação versátil de Rodrigo Santoro, filme conta a história de um professor cubano que trabalha como tradutor para crianças vítimas de Chernobyl

O acidente nuclear de Chernobyl é um dos fatos históricos mais importantes do mundo. Em 26 de abril de 1986, uma explosão na Usina Nuclear, que pertencia à União Soviética, lançou grandes quantidades de partículas radioativas na atmosfera, o que provocou a morte de dezenas de pessoas e efeitos trágicos a longo prazo, como câncer e deformidades.

Prestes a completar 33 anos, o acidente é rememorado novamente no cinema, mas sob nova perspectiva. Lançado em 28 de março, O tradutor tem como pano de fundo o fim da Guerra Fria e, com isso, a decadência da URSS. O longa, baseado em fatos reais, narra a história do professor cubano Malin (Rodrigo Santoro), que leciona aulas de literatura russa em uma instituição em Cuba.

Assim como outros colegas de trabalho, ele é pego de surpresa e convocado pelo governo para atuar como tradutor em um hospital, na ala de crianças vítimas do desastre nuclear. Inicialmente, Malin tenta resistir à nova função, mas acaba auxiliando a enfermeira argentina Gladys (Maricel Álvarez) no setor infantil.

Em paralelo, o filme também conta a relação do professor com a mulher Isona (Yoándra Suárez). Com o novo trabalho, Malin torna-se um pai e um marido mais ausente.

Um dos pontos mais altos do longa, sem dúvidas, é a atuação de Rodrigo Santoro – ele revela-se um ator mais maduro e versátil. Em entrevista ao jornal O Globo, o artista disse que fez um curso de russo em apenas quatro semanas para o filme. Mesmo com o novo idioma, a atuação de Santoro convence.

Dirigido por Rodrigo Barriuso e Sebastián Barriuso, filhos do protagonista e da esposa na vida real, O tradutor conquista pela sensibilidade em tocar um assunto tão denso. Vale destacar os posicionamentos de câmera adotados pelos diretores, que ajudam a criar uma trama mais emocionante. Vemos de perto a dor dos parentes e a luta das vítimas.

Mais do que mostrar a história do professor e das crianças, o longa nos ajuda a ter mais compaixão e empatia com o próximo – dois sentimentos que devemos criar e manter na nossa sociedade.

Avaliação: Excelente

Tijucana antes de ser carioca. Jornalista de profissão, não vive sem a dança nas horas vagas. É apaixonada por livros, música, arte de rua e exposições.

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