Cinco quadrinhos para a quarentena
Selecionamos grandes obras das HQs que ganham novos contornos em tempos de pandemia
As imagens do texto são reproduções das histórias
O quê as histórias em quadrinhos dizem sobre a realidade? Frequentemente, as grandes HQ’s descrevem momentos marcantes da humanidade e refletem sobre questões urgentes, fatos históricos e críticos às realidades que nos cercam. Para além das tradicionais aventuras “capa/espada”, os quadrinhos se transformaram ao longo das décadas e tornaram-se uma mídia com leitores fiéis e uma poderosa ferramenta de reflexões ou apenas entretenimento de alta qualidade.
Pensando nisso, selecionamos cincohistórias em quadrinhos clássicas, que ainda reverberam anos após suas publicações, algumas delas são discutidas em rodas apaixonadas ou mesmo em universidades mundo afora. Em tempos de pandemia, essas obras ganharam novos contornos. Confira os escolhidos:
Maus, de Art Spielgman (publicada entre 1980 e 1991)
Ganhadora do prêmio Pulitzer em 1992, Maus mostra a entrevista que Spielgman fez com seu pai, um judeu sobrevivente ao Holocausto. A graphic novel, primeira a conquistar a honraria, descreve um mundo animalizado, onde os judeus são retratados como ratos e os nazistas como gatos. Uma aula de reportagem e uma biografia forte e emocionante, que retrata com crueza um período cruel para humanidade.
Batman: O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller (publicada em 1986)
Batman está idoso e aposentado. Vivendo perigosamente, o ex-herói decide voltar às atividades quando uma gangue de mutantes assola Gotham City. Em paralelo, o Super-Homem torna-se um emissário do governo americano, servindo como arma para os interesses do presidente. Batman: O Cavaleiro das Trevas, discute violência extrema e o fascismo, infelizmente em “voga” nos dias atuais.
Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons (publicada entre 1986 e 1987)
Adaptada ao cinema por Zack Snyder, a HQ de Alan Moore e Dave Gibbons mexeu com o mundo dos super-heróis ao descrever uma realidade onde os Estados Unidos ganharam a Guerra do Vietnã (graças ao Dr. Manhattan, um semi-deus) e os vigilantes mascarados, a imensa maioria sem poderes, foram jogados para escanteio pelo governo. No contexto político, a Guerra Fria entre EUA e URSS se aproxima de uma abordagem mais sinistra. Para ler e reler.
Sandman, de Neil Gaiman (publicada pela primeira vez em 1989)
A história de Morfeus, representação do Sonho, e os sete perpétuos passa por 13 arcos narrativos de Gaiman. Morfeus tenta liberar sua irmão, a Morte e encontra figuras tenebrosas no caminho, como Lúcifer e Dr. Destino. Melancólico, o personagem principal reflete sobre vida, o sonhar e sua capacidade de lidar com as consequência de seus atos. A série foi escrita por sete anos e ganhará uma adptação para o streaming em breve.
Persépolis, de Marjane Satrapi (publicada em 2000)
A HQ retrata a vida de Marjane Strapi no Irã, desde sua infância até sua vida adulta, passando pela Revolução Islâmica no país. Usada em salas de aula do mundo inteiro, Persépolis é um clássico atemporal da literatura, descrevendo de forma delicada a rotina de uma jovem em um mundo opressor em meio a profundas transformações político-religiosas, passando por temas como descoberta da sexualidade e feminismo. Fundamental.