‘Dora, uma menina nordestina’: livro valoriza identidades e saberes do Nordeste
Live sobre obra acontece nesta segunda-feira (24)
Dora nasceu numa cidade do Nordeste brasileiro e viajou com sua família num caminhão pau de arara por muitos e muitos quilômetros. Até que chegou ao Rio de Janeiro. Mais especificamente ao morro da Casa Branca, no bairro da Tijuca. A menina ficou surpresa com a imponência da floresta, e logo se afeiçoou aos cachorros e gatos que passeavam pela favela, aos micos correndo sobre os cabos de luz, ao ar fresco que vinha do verde.
As lembranças da vida na região, porém, não desapareceram. Dora, uma menina nordestina (Escrita Fina Edições ), relata o sonho que a protagonista teve um dia, e que a permite reviver a caça aos caranguejos no mangue, a dança da lapinha e a cacuriá, dança inventada pela dona Teté. Um sonho que a faz resgatar até o gosto inigualável da macaxeira, do jerimum e do açaí. E a alegria de um futebol com nome engraçado: três pecados. O lançamento da obra ganha live nesta segunda-feira (24), às 19h, no Instagram do Grupo Editorial Zito.
Passeando pelas memórias de Dora, este livro de estreia de Gabriel Ben presta homenagem às meninas e meninos que, Brasil afora, deixaram sua terra natal, tornando-se migrantes. Famílias que reconstruíram seus lares longe da casa de origem, levando suas tradições e culturas para as grandes metrópoles do país. Com isso, o lançamento da Escrita Fina promove a valorização das identidades regionais, chamando atenção das crianças para a riqueza dessa pluralidade.
Dora, uma menina nordestina, aliás, nasceu a partir da experiência e das memórias do próprio autor, que se mudou para o Morro da Casa Branca, onde mora até hoje, aos dois anos de idade. Para dar o tom a essas lembranças, Gabriel Ben desenhou imagens vibrantes e cheias de cor — como os afetos das crianças que experimentam as diversas facetas de brasilidade. No fim do livro, um glossário explica melhor o que são coisas como juçara, papagaio (a pipa) e lapinha.
Gabriel Ben nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1990. Ao completar 2 anos de idade, sua família se mudou para o Morro da Casa Branca, no bairro da Tijuca, onde mora até hoje. Em 2018, graduou-se em Comunicação Visual pela Escola de Belas Artes, da UFRJ. Desde pequeno, ele manifestava interesse pela arte: observava os grafites nos muros das ruas do bairro e vivia desenhando nos seus cadernos escolares. Por um tempo, aventurou-se nessa expressão artística, que logo o influenciou na sua escolha profissional.
Trecho
A casa de Dora e sua família ficava situada em um dos morros do bairro, o da Casa Branca.
Muito verde e ar puro, diferente de tudo o que Dora estava acostumada.
Além de cachorros e gatos que passeavam pela favela da Casa Branca, micos pulavam em árvores da floresta, estendendo seus passeios pelos cabos de luz, postes e muros das casas.