At The Drive-In faz show catártico no Circo Voador

 em música

Em setlist enxuto, de pouco mais de uma hora, banda de pós-hardcore levantou bom público na casa de shows na Lapa com vigor e entrosamento

A noite de sábado, 17 de novembro, foi histórica no Circo Voador. A lona da Lapa, na região central do Rio, recebeu o At The Drive-In, grupo de pós-hardcore que fez show em São Paulo e encerraria sua turnê neste domingo em Porto Alegre, para o último show da banda antes de uma ‘pausa’ — o popular hiato por tempo indeterminado. Em 13 músicas, os texanos mostraram que seu som e discurso ainda fazem muito sentido entre o público que cresceu com eles no início e final dos anos 2000.

O repertório de Cedric Bixler-Zavala (voz e maracas), Omar Rodriguéz-Lopez (guitarra), Paul Hinojos (baixo), Tony Hajjar (bateria) e de Kelley Davis (guitarra) suprindo Jim Ward, passeou pela discografia do grupo (exceto o 1º álbum) e se destacou pelas músicas de in.ter.a.li.a (2017) e, principalmente, o excelente Relantionship of Command (2000), responsável por mais da metade das canções da apresentação. Às 22h40, com uma bandeira de um cão atrás do palco e usando poucos recursos visuais, a banda atacou com ‘Arcarsenal’ e a boa plateia já estava ganha, cantando mais alto que o vocalista.

A sintonia entre o grupo é ótima mesmo após dois hiatos (com um terceiro a caminho) e o ‘novato’ Davis dá conta do serviço no lugar de Ward, ainda que sua voz tenha alcance inferior ao tom seco e rasgado do antigo guitarrista. Com a exceção de um pequeno problema de som até o meio da segunda canção, com a voz de Bixler-Zavala soando um tanto abafada abafada em meio aos instrumentos, o show foi tecnicamente perfeito e bem equilibrado. As músicas mais novas, se não foram recebidas com o mesmo entusiasmo dos clássicos entre pulos, moshs e rodas, podem se firmar como um bom leque de novas intenções — não por acaso a safra se aproxima mais do terceiro e melhor álbum do grupo e a expande com riqueza melódica.

Cerca de 1h10 após o início, bastava olhar em volta e encontrar sorrisos de satisfação, vibrações e impressões variadas sobre a tempestade sonora que ocorreu no palco. De poucas palavras, Cedric agradeceu ao público, sorriu com os demais, relembrou as eleições (‘não se preocupem, nosso presidente também é um cuzão’) e chorou ao se despedir antes de ‘One Armed Scissor’, a maior pedrada da banda, fazendo um discurso sobre união e perda, saudade e luto — agraciando os companheiros de jornada (Omar perdeu a mãe há alguns anos) e lamentando que o show de Porto Alegre seria o ‘último por algum tempo’. Que não demorem a voltar.

Avaliação: excelente

 

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