Caetano Veloso lança seu novo álbum, ‘Meu Coco’, com direito a clipe de uma das faixas
‘Meu Coco’ é o mais recente trabalho do artista. Faixa ‘Sem Samba Não Dá’ ganha clipe nesta sexta-feira
Nove anos após o sucesso de ‘Abraçaço‘, último álbum de inéditas, Caetano Veloso lançou nesta quinta-feira seu mais novo trabalho, ‘Meu Coco‘. O disco, com 12 faixas, nasceu do desejo do artista de voltar a criar. Nesta sexta-feira, às 11h, uma das músicas, ‘Sem Samba Não Dá‘, ganha um clipe.
OUÇA O NOVO ÁLBUM DE CAETANO VELOSO
“Tudo partiu de uma batida no violão que me pareceu esboçar algo que (se eu realizasse como sonhava) soaria original a qualquer ouvido em qualquer lugar do mundo. “Meu Coco”, a canção, nasceu disso e, trazendo sobre o esboço rítmico uma melodia em que se história a escolha de nomes para mulheres brasileiras, cortava uma batida de samba em células simplificadas e duras. Minha esperança era achar os timbres certos para fazer desse riff sonhado uma novidade concreta. E eu tinha a certeza de que a batida, seu som e sua função só se formatariam definitivamente se dançarinos do Balé Folclórico da Bahia criassem gestos sobre o que estava esboçado no violão. Com isso eu descobriria o timbre e o resto”, diz Caetano.
Com a covid-19 se alastrando pelo mundo e nos isolando em casa, o processo criativo para a faixa ‘Meu Coco’ precisou esperar. Mas Caetano continuou produzindo de casa outras músicas que fariam parte do álbum. “Cada faixa do novo álbum tem vida própria e intensa”, diz o artista.
Caetano diz que “Enzo Gabriel” é uma espécie de península: “Seu tema (seu título) é o nome mais escolhido para registrar recém-nascidos brasileiros nos anos 2018 e 2019”. Já “Anjos Tronchos” é uma canção reflexiva que trata da onda tecnológica que nos deu laptops, smartphones e a internet, e traz a sonoridade semelhante à ‘Abraçaço’.
“Sem Samba Não Dá” soa à Pretinho da Serrinha: uma base de samba tocada por quem sabe – e a sanfona de Mestrinho, que comenta as fusões de música sertaneja com samba tradicional. Uma discussão sobre o (não) uso da palavra “você” pela brilhante jovem fadista Carminho virou o fado midatlântico “Você-Você“.
ASSISTA AO CLIPE DE ‘SEM SAMBA NÃO DÁ’
Já “Não Vou Deixar” traz base de rap criada no piano pelo produtor do disco, Lucas Nunes, e letra de rejeição da opressão política escrita em tom de conversa amorosa. “Pardo“, cujo título já sugere observação do uso das palavras na discussão de hoje da questão racial, teve arranjo de Letieres Leite, baiano, sobre a percussão carioca de Marcelo Costa.
“Cobre“, canção de amor romântico, fala da cor da pele que compete com o reflexo do sol no mar do fim de tarde do Porto da Barra. “Jaques Morelenbaum, romântico incurável, veio orquestrá-la”. Ele também tratou de “Ciclâmen do Líbano“, com fraseado do médio-oriente salpicado de Webern.
“GilGal“, faixa que traz uma celebração aos nossos grandes artistas, traz batida de candomblé na melodia feita por Moreno Veloso, filho de Caetano. “Autoacalanto” é retrato do neto de Caetano que agora tem um ano, Benjamin. Tom, o pai dele, toca violão na faixa. Também faz parte do álbum “Noite de Cristal“.