Elisa Fernandes denuncia racismo em novo single
Compositora também gravou clipe expondo a ferida aberta na sociedade
A cantora e compositora Elisa Fernandes lançou no ano passado seu álbum de estreia, o delicado ELISA, e agora segue em frente com novas sonoridades. Marcando o Mês da Consciência Negra, a artista apresentou na sexta-feira (12) seu novo single Você não sabe o que é ser preto, incluindo um videoclipe dirigido por Marcão Abreu e estrelado por ela, Letícia Santa Rosa, Edgard Sacramento, Leo Fonseca e a pequena Maya.
Com lançamento pelo selo Peneira Musical (diverse lab), criado por Elisa, e que prioriza e potencializa vozes de artistas pretos, LGBTQIAP+ e mulheres, o novo trabalho se destaca na obra da autora, com seu discurso contundente, sob a ótica da pessoa negra, tocando na ferida aberta do racismo na sociedade brasileira.
“A cada manchete sobre racismo com grande repercussão na mídia e nas redes sociais é um gatilho na gente, é o trauma do colonialismo batendo forte na nossa cara, batendo pra matar. A cada ato racista que eu me deparo no meu dia a dia, cresce por dentro um sentimento de que o racismo mata a gente de muitas maneiras”, revela a cantora.
Em trechos como “Enquanto tu passeia pelo shopping / Tão matando outro preto. Outro preto… / Não é uma questão de opinião, não / Guarde pra você teu preconceito / E lave a tua boca pra falar / Você não sabe o que é ser preto”, a artista alerta sobre o fato de que enquanto muitos usufruem da sua liberdade de ir e vir, negros estão morrendo e sendo vítimas de racismo.
A faixa foi gravada e mixada no MiniStereo Studios (RJ), por Rodrigo Campello, e masterizada no Classic Master USA (Miami), por Carlos Freitas. Além de cantar, Elisa Fernandes toca pandeiro e congas, enquanto Campello comanda, além do arranjo, bateria eletrônica, sampler, ganzás, tamborins, teclados (baixo e piano elétrico), guitarra e violão.
“A música nasceu carregada de uma indignação que também mata se a gente não botar pra fora. O racismo está na pessoa que me vê dentro de uma loja e me pergunta o preço de alguma coisa porque presume que estou sempre a serviço. Também está quando não sou atendida se estou numa loja porque não tenho o perfil de quem compra. O racismo tá lá quando eu abro a minha porta e a pessoa manda chamar a dona da casa porque eu tô vestida com roupa de ficar em casa e presume que eu não moro aqui… A música fala disso, dessas mortes diárias que quase ninguém vê, mas que estão aí o tempo todo, nos matando”, conclui.