‘O Céu é o Limite’ reúne Mano Brown, BK, Djonga, Rincon Sapiência, Emicida e Rael em produção de Devasto
“O Céu é o Limite” traz sexteto que representa três fortes gerações do rap nacional e foca na representatividade e busca por referências à população negra, principalmente aos jovens
A união de três gerações do rap nacional é a força de “O Céu é o Limite”, que reúne ninguém menos que Mano Brown, BK, Djonga, Rincon Sapiência, Emicida e Rael. Osingle,com produção de Devasto Prod, foi lançado na última quinta-feira e é sem dúvidas um dos maioresfeatsdo rap BR. (clipe no final do texto!)
O beat pesado, ao estilogangsta rap,foca na representatividade e a busca por referências para a população negra, principalmente para os jovens. A produção acerta em cheio ao ser defendida com unhas e dentes por negros que venceram e são bem-sucedidos no movimento hip-hop.
No estilo “boogie naipe”, Mano Brown representa a velha guarda, passando pela “segunda geração” com Emicida e Rael, este último com o refrão arrebatador –“melhor irem se acostumando/ vão ter que se adaptar/ os pretos com um din gastando/ sem se preocupar”. A consagrada e forte nova geração tem o também paulista Rincon Sapiência, o carioca BK e a metralhadora de versos mineira Djonga.
Ofeatcomeça com Rincon Sapiência, com rimas fortes para mostrar que é preciso luta e força para vencer num mundo racista.“Falta muito/ mas meu filho vê/ as cara preta/ referência de super-herói”. Em seguida vem BK, representando o Rio de Janeiro e fazendo jus ao status de melhor rapper dos últimos anos. Na letra, o clima de violência e drogas em que os pretos vivem nas favelas do Rio(E as favela quer level up/ eles só deram UPP). “Rap é pra geral/ pretos, brancos, ricos, pobres/ Ok, mas nós sabe qual lado que morre”.
Emicida vem em seguida quebrando tudo com as rimas cheias de referências para dar ânimo a quem estar desacreditado. “Eu bolo o plano, os mano, e canto o esquema/ Triunfo, se não for coletivo, é do sistema”,defende o rapper.
Djonga, para variar um pouco, destrói na sua participação, a melhor em “O Céu é o Limite”. Com a sua acidez e falta de papas na língua características, o mineiro defende a força e raça para se impor em uma sociedade que marginaliza o negro.
“Nas sinucas da vida, eu fui Rui Chapéu, para não rodar igual bola 8/ Que nem ela sou preto, com a parte branca/ E minha parte branca é do português safado que estuprou minha ancestral / Então falemos de futuro, se prepare para ver preto sem matar, sem roubar, no seu jornal”,dispara Djonga.
Mano Brown fecha o som com muita ostentação e tudo que o dinheiro puder comprar, defendendo que para um sonhador “o céu é o limite”. “Os negros aqui não querem só comida/ Divergências à parte/ Uns querem mais emprego, diversão e arte”.
Aliás, a música entraria em Boogie Naipe (2006), primeiro trabalho solo do líder dos Racionais MCs, mas acabou ficando de fora, sendo retrabalhada por Devasto Prod. Agora, tem tudo para marcar história pelo elenco galáctico e pela força de sua mensagem.“Não sei se é minha cor, ou meu jeito de andar/ sempre tem um detector querendo me parar”,conclui Rael no refrão final.
Avaliação Pitaya: 10, nota 10!