O Método Kominsky, com Michael Dogulas, é tudo isso mesmo
Chuck Lorre, o “Rei das Séries” acerta a mão em sua segunda série na Netflix com comédia dramática estrelada pelos vencedores do Oscar Michael Douglas e Alan Arkin
Desde novembro, está disponível na Netflix a comédia dramática O Método Kominsky, criação de Chuck Lorre, este considerado o “Rei das Séries” por suas produções de enorme audiência, como “Two and a half men” e “The Big Bang Theory”. É a segunda sitcom de Lorre para a plataforma de streaming; “Disjointed”, a anterior, estrelada pela ótima Kathy Bates (outra vencedora do Oscar, por “Louca Obsessão!), foi cancelada com apenas uma temporada.
Laureada pelo Globo de Ouro 2019 como melhor série de comédia, O Método Kominsky é estrelada por Michael Dogulas (ganhador do Oscar em Wall Street), que também venceu na categoria de melhor ator em série de comédia ou musical, desbancando nomes como Sacha Baron Cohen (Who is America), Jim Carrey (Kidding), Bill Hader (Barry) e o badalado Donald Glover (Atlanta).
O enredo é pontual. Com a crescente discussão sobre envelhecimento, Chuck Lorre empresta sua visão sobre o tema, trazendo para a comédia os dramas que ele carrega, como doenças, solidão, fracassos profissionais e pessoais. Douglas é Sandy Kominsky, professor de teatro e vencedor do Tony. Ao seu lado na trama está seu agente e melhor (ou único?) amigo Norman Newlander, vivido pelo octogenário Alan Arkin, vencedor do Oscar por seu papel coadjuvante em “Pequena Miss Sunshine” e premiado no Globo de Ouro na mesma categoria pelo novo papel. Sandy se envolve com uma de suas alunas, mais velha que os demais, intepretada por Nancy Travis (também no ar com Last Man Standing, da ABC), e tem uma filha, Mindy, que comanda a oficina de teatro é e interpretada por Sarah Baker. A veterana Susan Sullivan “vive” Eileen, esposa de Norman e amiga de Sandy.
Pode ser comparada, pelo menos no tema, com a também produção da Netflix “Grace and Frankie”, estrelada por Jane Fonda e Lily Tomlin, que recebeu indicações ao Emmy e ao Globo de Ouro.
A produção do “rei das séries” tem os elementos que o consagraram, com um humor por vezes considerado frágil, mas com excelentes piadas, cirurgicamente servindo aos personagens. Em um dos melhores pilotos dos últimos tempos, sua câmera única engrandece a interpretação de Michael Douglas. Situada em boa parte dentro da escola de teatro, a produção se enriquece com leituras de espetáculos consagrados e discussões levemente constrangedoras sobre assuntos caros, como gênero e raça.
Com certa previsibilidade no roteiro, Lorre conquista os espectadores como fazem os bons músicos em canções pop bem arranjadas. O Método Kominsky é recheada de sarcasmo, principalmente por parte do personagem de Arkin, amargurado após episódio triste da trama, sendo capaz de arrancar lágrimas até dos mais duros corações – e boas gargalhadas na sequência. A amizade entre ele e Douglas, depois de tantos anos, é algo que muitos desejariam, e as cenas com apenas os dois são demasiadamente humanas. É, definitivamente, uma ode à amizade! O envelhecimento, em si, é tratado com a graça que o suaviza e a seriedade que a todos acolhe. A redescoberta do amor, após três casamentos fracassados, sem um desfile de obviedades, é outro ponto alto da vida de Sandy e do enredo.
Não bastasse o elenco estelar, há ainda as participações especiais, como o impagável Danny DeVito como um louco urologista e o comediante Jay Leno interpretando a si próprio, em recurso que o autor habituou-se em suas aventuras hollywoodianas e que são deliciosa confeitaria. Vale destacar, ainda, a participação de Lisa Edelstein, a eterna Drª Cuddy, de “House, M.D.“, que assume momentos inesquecíveis em alguns episódios.
Os oito episódios são realmente isso tudo que pouca gente falou antes da premiação e credenciam, com louvor, para uma segunda temporada, ainda em negociação.
Avaliação: excelente