‘O Desaparecimento de Madeleine McCann’ revisita misterioso sumiço jamais esclarecido
Documentário da Netflix expõe teorias, suspeitos, erros da investigação, espetáculo midiático e diferenças culturais e judiciais, que prejudicaram solução do crime
A série documental O Desaparecimento de Madeleine McCann revisita o misterioso sumiço da menina inglesa de 3 anos, que passava férias com os pais e irmãos mais novos na Praia da Luz, em Algarve, Portugal. O documentário da Netflix apresenta teorias, suspeitos, expõe os erros que envolveram a investigação, o espetáculo midiático e as diferenças culturais e judiciais, determinantes na equivocada culpabilização de Gerry e Kate McCann, pais de Maddie, e no prejuízo na elucidação do crime.
Dividida em oito episódios, a série inicia na noite do dia 3 de maio de 2007, quando os pais de Madeleine saem para jantar e a deixam dormindo no apartamento junto os irmãos gêmeos mais novos – Sean e Amelie.
O destino foi um restaurante dentro do próprio resort e, com os amigos que estavam à mesa, eles se revezavam na vigília às crianças. Em dado momento, após algumas visitas ao apartamento, chega a vez da mãe de Maddie, Kate McCann, ir ao local e enfim perceber que a filha não estava na cama.
A partir daí, o documentário destrincha a sucessão de “trapalhadas” da polícia portuguesa, os erros iniciais da investigação, que perdeu pistas fundamentais nas primeiras horas do sumiço que poderiam fazer com o caso fosse solucionado, conforme defende a narrativa.
A frustração da família na busca por Madeleine é direcionada em Gonçalo Amaral, chefe da investigação, que defende até hoje que os pais são culpados. Outro ponto de destaque fica por conta do bizarro retrato falado divulgado pela polícia, que mais parecia um rascunho feito por uma criança de 5 anos.
A apuração do sequestro levou em conta questões culturais, que acabaram apontando como responsáveis pelo crime os pais de Maddie. Para os portugueses, eles terem deixado as crianças dormindo enquanto se divertiam era inadmissível. Entretanto, o costume era bastante comum na Inglaterra.
Mas a´maior responsabilidade pelo desdobramento do caso, no meu ponto de vista e como mostra a série, fica por conta da cobertura da mídia. Indícios viraram grandes manchetes sensacionalistas, tanto em Portugal quando na Inglaterra, país de origem da família.
Com base em fontes, a imprensa portuguesa apontou que os pais eram suspeitos, os retirando do posto de vítimas para culpados, o que paralisou inclusive as buscas pela menina. Um vizinho do resort e um técnico em informática também sofreram com as consequências da má condução da investigação, sendo acusados de abusadores e pedófilos, o que nunca foi comprovado. Nem mesmo o chefe das investigações em Portugal escapou do ataque midiático.
Outro ponto abordado no documentário é a grande cobertura dada ao caso de Madeleine McCann, que mobilizou a imprensa do mundo inteiro, num universo de milhares de crianças desaparecidas que não tem a mesma atenção, inclusive citando sumiços ocorridos em Portugal, país onde aconteceu o crime.
Além de Gonçalo Amaral, jornalistas, representantes da família de Madeleine na época, financiadores das buscas, investigadores da polícia, detetives particulares, parentes e amigos são ouvidos no documentário.
Entre as hipóteses levantadas no documentário estão: o rapto de Maddie por um grupo de traficantes de crianças, a pedido de um pedófilo, e que ela estaria viva; que teria sido assassinada por um abusador sexual; e até que os pais a teriam matado acidentalmente após darem para ela remédio para dormir, e depois ocultado o seu corpo.
O documentário acaba, mas até hoje, há um mês do desaparecimento completar 12 anos, nenhuma pista levou ao que de fato aconteceu com Madeleine McCann. Seus pais, que não falaram para a série, por não concordarem com alguns pontos expostos, seguem na esperança de encontrá-la viva. Além de detetives particulares e a polícia portuguesa, a Inglaterra também ajuda na busca por pistas de Maddie.
Avaliação: Ótimo