Grupo Bestas Urbanas lança o projeto virtual ‘Ideias para uma encenação futura’
Vídeos são exibidos na página do Instagram do projeto e no site do CCJF
Com a estreia de seu novo espetáculo adiada devido à quarentena no país e o fechamento dos teatros, o grupo Bestas Urbanas iniciou, este mês, um novo projeto: “Ideias para uma encenação futura”, série de vídeos lançados na página do Instagram @bestasurbanas. A ideia é partir da dramaturgia do espetáculo ‘Só percebo que estou correndo quando vejo que estou caindo’, que será encenado no futuro, para imaginar as cenas durante a quarentena, com episódios publicados quinzenalmente, às quintas-feiras – o primeiro e segundo vídeo já estão no ar.
O texto de Lane Lopes, com direção de Francisco Ohana, acompanha a história de uma mulher, Mônica, que sai em busca de sua calcinha e de sua individualidade perdida, e procura outras formas de existir em um mundo no qual o ser humano é hiperativo, hiperestimulado e está constantemente cansado. Futuramente, o espetáculo vai estrear no Centro Cultural da Justiça Federal, no Centro. Enquanto isso, a peça Bestas Urbanas, que batizou o grupo, também será exibida no site do CCJF.
Antes do período de distanciamento, o processo de trabalho do grupoBestas Urbanas incluiu leituras e performances do texto, com participação do público, que interferiu no processo de criação e resultou no convite de outros atores e atrizes para o elenco. O objetivo é que essa ligação com o público não se perca no período de isolamento social.
“Este projeto é uma continuação, agora no ambiente virtual, do espírito do grupo de compartilhar nossa criação com o público e não apenas mostrar o espetáculo pronto”, explica o diretor do grupo, Francisco Ohana. “Agora, com a impossibilidade do encontro, criamos uma série de vídeos a partir da dramaturgia da Lane. Cada ator em sua casa, influenciado pelo momento que estamos vivendo, cria um vídeo inspirado em questões que a peça nos estimula a pensar, que depois são editados pelo Victor Lampert, com participação da Lane”, acrescenta.
A trama começa num dia aparentemente normal, quando Mônica vê sua calcinha escapar do varal e inicia uma corrida insana pelas ruas da cidade atrás de sua fugitiva intimidade. A busca, no entanto, acaba perdendo o sentido e a direção, tornando-se imprevisível, atravessando tempos e espaços diversos e, como num sonho, misturando e recombinando tudo pelo caminho. Entre as inspirações do texto, está a teoria desenvolvida pelo filósofo sul-coreano Byung-chul Han, segundo a qual vivemos na “Sociedade do Cansaço”, que nos diz que devemos alcançar todas as metas possíveis, nos deixando cada vez mais cansados mental e fisicamente.
“Vivendo em uma sociedade que lhe exige alcançar os melhores desempenhos, Mônica encontra, na busca por uma calcinha perdida, maneiras de se livrar de um cotidiano que a sufoca e enclausura”, explica a autora. “É correndo atrás da sua calcinha fugitiva que Mônica inicia um percurso por rostos e situações diversas, dentro de um fluxo que se torna uma investigação sobre o ritmo frenético produzido por uma sociedade adoecida”, acrescenta Lane, que escreveu a peça durante a quarta turma do Núcleo Firjan SESI de Dramaturgia, coordenado por Diogo Liberano, e teve a obra publicada pela Editora Cobogó.
Serviço:
Projeto ‘Ideias para uma encenação futura’.
Vídeos inspirados no texto ‘Só percebo que estou correndo quando vejo que estou caindo’
Instagram do grupo Bestas Urbanas: @bestasurbanas
Site do CCJF: https://www10.trf2.jus.br/ccjf/programacao/