‘Anjo Negro’, de Nelson Rodrigues, ganha novo formato
Peça traz à tona o racismo estrutural, colocando em cena o inconsciente com seus paradoxos, paixões e crimes
A foto que ilustra a postagem é de Monica Machado
Escrita por Nelson Rodrigues em 1948 e inicialmente censurada, a peça Anjo Negro foi encenada pela primeira vez em 1952. À época, atores brancos pintados da cor preta representavam o elenco negro. A peça aborda o que pouco se falava no Brasil, onde os negros eram representado como figurantes ou descritos em tons humorísticos em espetáculos de arte. Classificada como mítica na dramaturgia rodrigueana, que mescla Eros e Tânatos, a montagem é uma versão brasileira do mito trágico de Medeia e ganha novos contornos neste 2020 marcado pela pandemia da covid-19.
Realizada durante a quarentena – com todos os membros da equipe em suas casas -, Anjo Negro tem o formato híbrido que mescla teatro, série, cinema com cenas ao vivo, além de intervenções ao vivo. A peça-série-metragem terá três atos que serão apresentados em momentos distintos durante sua estada em cartaz. A narrativa dessa versão gira em torno de um relacionamento conturbado tendo como ponto de partida o velório de terceiro filho do casal conflituoso, Ismael e Virgínia.
A grande novidade da montagem, idealizada e dirigida por Antonio Quinet, é o sistema híbrido. Algumas cenas foram filmadas anteriormente, trazendo ineditismo e explorando o teatro experimental, com inserções e edições em tempo real. Após cada apresentação, haverá convidados começando por Amir Haddad na estreia, em 31 de outubro. A proposta de Quinet é, em suas palavras, “dissilenciar” o racismo.
Serviço – Anjo Negro
Estreia: 31 de outubro – 20h
Datas das apresentações
– Primeiro Ato e apresentações – 31/10, 06, 07, 13,14 e 20/11.
– Segundo Ato e apresentações – 27 e 28/11, 04,05 e 11/12.
– Terceiro Ato e apresentações – 1/12 e 18,19 e 26/12.
Classificação: 12 anos
Duração: 60 minutos
Ingressos: R$ 40 / R$ 20 / R$ 15 (classe teatral)
