Another Magic mata a saudade do Carnaval em ‘Coco da Purpurina’

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Artista norte-americano fala de parceria com Ana Bispo e relação com a folia

Foi no meio do Carnaval em 2017 que o músico de Seattle, nos Estados Unidos, Thomas Arndt chegou ao Brasil, como mochileiro. Ele já conhecia um pouco da música brasileira, mas conta ter ficado chocado com o poder de estar na rua, entre foliões, bateria e “todo mundo cantando e cantando”.

Corta para 2021: com seu projeto Another Magic, Thomas, que também é DJ, educador e ativista, lança nesta sexta-feira (22) o “Coco da Purpurina”, parceria com Ana Bispo, cantora que se destaca em blocos como Agytoê e Multibloco, além das rodas de samba.

O single também vai ganhar clipe por Mariana Godois, com imagens enviadas por companheiros de carnavais passados de agremiações como Vem Cá, Minha Flor; Orquestra Voadora; Caetano Virado; O Baile Todo; Me Enterra na Quarta e, claro, do Boi Tolo.

A letra de Ana Bispo celebra a liberdade, a luta feminista e a resistência LGBTQIA+, encontrando o ritmo nordestino do coco e batidas eletrônicas combinadas com percussão e som grave e distorcido do baixo.

Em conversa com Pitaya Cultural, Thomas não esconde a admiração pela cantora, que conheceu no Multibloco: “Ela é maravilhosa cantando em cima do trio elétrico, fantasiada, para milhares de pessoas”.

“Amo a voz dela e quando produzi essa música, usando samples do Nordeste que me passou um amigo, pensei imediatamente nela. Fico tão feliz que ela respondeu com um ‘sim!’. E fez tudo isso enquanto grávida e se preparando pro filho que chegou agora!”, completa.

“É um coco chamando todo mundo pra sentir bem vindo. É um coco de resistência e amor. É isso que precisamos. Muita resistência e muito muito amor”.

Voltando ao seu primeiro carnaval de rua no Rio, Thomas explica que foi naquele mesmo ano que ficou “apaixonado rápido” e começou a planejar como podia voltar e “morar um tempo tocando em tantos blocos possível (sic)”.

Ele brinca que fez uma fantasia que dizia “F(ora) T(emer) ou F(uck) T(rump), dependendo da forma de mostrar a blusa”. No ano seguinte, ele se mudou para a casa de uma amiga, na Lapa, e se inscreveu nos blocos Terreirada Cearense e no Multibloco, entre outros, e começou a aprender “tanto que podia de samba, forró, coco, tantos gêneros que nem sabia”.

“Sinto muito grato pelo carinho e tempo que recebi de vários mestres e amigos, sobretudo da maestrina Thaís Bezerra”.

O artista confessa que uma de suas experiências “mais lindas” de sua vida foi durante Abertura Não Oficial do Carnaval de Rua de 2019, ano em que ele mais tocou nas agremiações. Thomas revela ter se encontrado com “tantas pessoas queridas”, além de ter ouvido “tantos blocos incríveis” e sentido “espírito de liberdade e generosidade”.

“Tocar com bloco é fazer parte de uma família, talvez só por um, dia talvez pela vida inteira. O Carnaval da Rua também é uma forma de dizer ‘isso aqui é o nosso – nossa rua, nossa cidade, e vamos celebrar e viver a vida aqui!’. Isso é muito mais difícil nos Estados Unidos, quase só possível nos protestos”.

Além disso, ele confessa amar rodas de samba. Segundo o produtor, “não é ‘show’ nem ‘performance’, não tem palco pra ser estrela – é colocar umas mesas e cadeiras de plástico, pegar umas cervejas e cantar todos juntos. É ‘estar juntos, com música’. Pra mim, a música existe pra nos conectar. Isso é forte e bonito no Brasil”.

Do Brasil, Arndt também leva outras lembranças. Por causa de seu sotaque, a forma como ele pronuncia “purpurina” rendia muitas brincadeiras entre os amigos brasileiros, que culminou em um estandarte que ele carregou para a América do Norte. Em sua casa, ele também exibe, no alto de uma das paredes, uma placa em homenagem a Marielle Franco.

O lançamento do “Coco da Purpurina” ocorre em um evento virtual na plataforma Zoom, com a estreia do clipe e DJ set de Another Magic, além de participação da DJ FlavYa (SP/NYC). Ela vai mostrar um eclético remix e também seu DJ set.

A festa ao vivo na plataforma Zoom vai arrecadar verba para a ONG carioca Diversidade Mais, que usa a arte para potencializar a pauta de mulheres lésbicas cis e trans. Ainda na sexta, a música estará disponível em todas as plataformas de streaming.

Onde: Zoom
Quando: Sexta-feira, às 22h
Quanto: Grátis – doações para Diversidade Mais

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