‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’ estreia nesta quinta-feira e é potente em voz de Laila Garin

 em artes

Peça adaptada do livro clássico de Clarice Lispector, em homenagem ao seu centenário, traz lindas e inéditas canções de Chico César

Conforme antecipado pela Pitaya Cultural, estreia nesta quinta-feira (5) ‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’, musical baseado no clássico deClarice Lispector. Macabéa é interpretada por Laila Garin, que canta em cena com Cláudia Ventura e Cláudio Gabriel músicas inéditas de Chico César. A adaptação e direção é de André Paes Leme. O espetáculo marca o centenário da escritora e está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Centro do Rio.  

Nesta quarta-feira, a Pitaya acompanhou um “ensaio geral” com cara de pré-estreia. Antes de começar, Paes Leme ainda avisou que poderia interromper a apresentação caso fosse necessário, mas isso não aconteceu. E nem precisou.

Laila está impecável em cena encarnando Macabéa e a atriz/narradora do musical que observa e enxerga a invisível e sofrida retirante. A protagonista faz o caminho torto e sem rumo da nordestina, mergulhando na falta de brilho e perspectiva da personagem.

Uma das mais aclamadas vozes do teatro musical na última década (premiada por Elis – A Musical e Gota D’Água [a seco]), Laila encanta com a potência que dá ao canto sofrido de Macabéa. Esse ponto alto é reforçado pelas belas canções originais de Chico César (gênio que compôs as músicas do espetáculo em poucas semanas), que vão do samba ao forró e são ritmadas pelo trio musical Fábio Luna, Pedro Aune e Pedro Franco.  

Cláudia Ventura também se destaca cantando e interpretando as personagens Glória, a amiga de trabalho que humilha Macabéa e rouba o seu namorado, a tia beata perversa da jovem e a cartomante que prevê o “futuro” da alagoana. 

Olímpico de Jesus, o namorado de Macabéa, também é muito bem representado por Cláudio Gabriel. Ele também faz o papel do chefe arrogante da nordestina e até Jesus, presente onipresente em cena através de uma boa sacada da produção.

“‘A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa’ é um espetáculo que diz exatamente o que queremos falar neste momento. Estar em cena também como a Atriz é uma afirmação deste ato poético e político que é o teatro. É um grito de indignação com muita poesia, lutando com as armas que temos. Fala das pessoas supostamente invisíveis, fala de solidariedade, de olhar para o outro com afeto. Além de tudo, é uma peça sobre esperança”, analisa Laila, em material de divulgação.

“A Hora da Estrela’ foi o último livro escrito por Clarice Lispector (1920-1977), que faleceu pouco tempo após o lançamento. A história narra a saga de Macabéa, retirante nordestina que tem uma vida no Rio de Janeiro marcada pela ausência de afeto e poesia. 

O enredo do clássico é atual, podendo suscitar questões como o papel da mulher e como ela é vista na sociedade: desde o trabalho duro com baixo salário, as humilhações na mão do chefe machista e a insalubre condição de vida. 

Sem estímulo desde a infância, a jovem Macabéa não consegue enxergar sua própria infelicidade e nem projetar um futuro. Como citado acima, no espetáculo musical a figura do escritor/narrador é substituída pela de uma atriz. 

“O trabalho de adaptação não é de reescrever o texto. É o trabalho de transportar o universo sem estar aprisionado a qualquer palavra, através da edição e deslocamentos de episódios. Houve também a recondução dos textos do escritor para a atriz”, conta o diretor.

As músicas de Chico César pontuam o drama e aparecem para ilustrar o estado emocional e o interior de cada personagem. Elas também detalham acontecimentos e a mudança do estado de espírito das personagens, “trazendo alguma fantasia para existências tão opacas”.

A linda canção Vermelho Esperança, parte da trilha sonora do musical, está disponível nas plataformas digitais (Spotify, Deezer, iTunes e AmazonMusic). A direção musical e arranjos do espetáculo são de Marcelo Caldi

No cenário, mesas e bancos de madeira, além de estruturas suspensas e com reflexos, dão o tom humilde que está na história de Macabéa. O cenário conta com boa iluminação, que pode e certamente será ajustada para a grande estreia, como é de praxe. 

A idealização e produção de “A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa” é de Andrea Alves, da Sarau Agência.

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