‘Panorâmica Insana’ aborda com ironia e crítica problemas provocados pela humanidade

 em artes

Espetáculo aborda o pior do ser humano e que transforma a sociedade em um caos à beira da destruição. Peça está no reinaugurado Teatro Adolpho Bloch, que agora é Teatro Prudential, no antigo prédio da Manchete, na Glória

 

A peça PI – Panorâmica Insana traz diversas questões que afligem e destroem a humanidade na contemporaneidade, levando à conclusão que o problema, no fim das contas, é o ser humano. Leandra Leal, Cláudia Abreu, Rodrigo Pandolfo e Luiz Henrique Nogueira se multiplicam impecavelmente na interpretação de centenas de personagens.

Em discussão, morte e vida, sanidade e loucura, miséria e riqueza, política, religião, sexualidade, gênero, violência, machismo, feminicídio, transfobia, futebol, racismo, entre outros assuntos que montam o mosaico de uma sociedade em caos à beira da destruição.

Destaque para a “louca” interpretada por Leandra que come fezes, numa crítica à alimentação tóxica. A explanação acontece logo após o início improvisado do elenco, numa sucessão frenética de personagens.  Também arrebata Pandolfo, com excelente linguagem corporal ao longo da peça e que na parte final faz um gaúcho decepcionado com o futebol e “picado” pela cegueira da religião. 

Milhares de roupas espalhadas no palco ajudam a compor o cenário e o figurino e performance dos atores, que passeiam sobre os temas de forma irônica e crítica, auxiliados através da boa sonorização, que as vezes propositalmente modifica as vozes dos personagens. 

João Caldas | Divulgação

A vida que levamos com preocupações pequenas, mesquinhas e materiais são confrontadas com problemas reais, que precisam de soluções urgentes. O texto é de Júlia Spadaccini, Jô Bilac e André Sant’anna, com citações de Franz Kafka  (não Kafta) e Paul Auster. A direção e concepção é de Bia Lessa.

Panorâmica Insana acerta ao apresentar em várias camadas o que há de pior no ser humano, citando fatos reais. A abordagem dos temas num clima “non sense” e em dado momento instigando o espectador propõe um convite à reflexão sobre onde erramos como sociedade.

A estreia para convidados nesta quinta-feira marcou a reinauguração do Teatro Adolpho Bloch, na Glória, que agora se chama Teatro Prudential. Em formato arena, o histórico espaço fica o prédio da antiga Manchete, na Rua do Russel, 804, na Glória, que foi projetado por Oscar Niemeyer e Burle Marx. A peça está em cartaz de quinta a domingo, com ingressos de R$ 40 (meia) a R$ 100. A classificação etária é 16 anos.

Avaliação:  Ótima 

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