‘La Casa de Papel: Parte 4’ perde força e enfrenta desafio

 em cinema e tv

Atração que já foi protagonista da cultura pop derrapa e escancara defeitos das temporadas anteriores

Combinando personagens carismáticos, boas cenas de ação e diversas referências, La Casa de Papel caiu no gosto brasileiro. Foi um fenômeno. Líder de audiência da plataforma, atingindo diversas faixas etárias e arrebatando diferentes audiências, além de fazer um famoso hino contra o fascismo ganhar até uma versão em funk carioca. Seus méritos e deméritos foram lembrados aqui.

A Parte 4, disponibilizada recentemente na Netflix, no entanto, perde grande parte de sua credibilidade por se mostrar absolutamente irreal. O grande barato de histórias sobre crimes fictícios é justamente a conexão com a realidade que elas oferecem ao espectador e, nisto, a atração espanhola falhou ainda mais miseravelmente nesta temporada. Todas as aberrações eram amenizadas em nome da diversão, mas agora, não é o bastante.

A quarta parte dá continuidade à tentativa de salvar a vida de Nairobi (Alba Flores), resgatar Lisboa (Itziar Ituño), além de concluir o assalto ao Banco de Espanha. Com um Professor (Álvaro Morte) cada vez mais instável, o protagonismo improvável é empurrado a uma personagem errante. Tóquio (Úrsula Corberó), que começa a primeira parte como instável e evolui, demonstrando grande influência sobre o bando, regride como a “pavio curto”, principalmente após o desfecho do relacionamento entre ela e Rio (Miguel Herrán). A instabilidade na construção das personagens é generalizada, seja com Estocolmo (Esther Acebo), seja com Denver (Jaime Lorente).

Curiosamente, a mais sólida e única capaz de desafiar a “genialidade” do Professor é a caricata Inspetora Sierra (Najwa Nimri), que rouba a cena diversas vezes ao utilizar suas vulnerabilidades ao seu próprio favor. Há, ainda, as traições, perdoáveis apenas na cabeça de quem escreveu a trama. Abusando do didatismo, a série chega a irritar ao questionar a inteligência do assinante. É certo que os dois primeiros episódios poderiam ser um só, por exemplo.

Ao decidir matar sua melhor personagem, depois de todo o esforço para mantê-la viva, joga com a fidelidade do público, que não sabe se insiste só para ver o desfecho ou dá o tiro de misericórdia e parte para outra. A certeza é que todos perdem.

Avaliação: Ruim

 

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