‘Narcos México’ mantém foco na fracassada guerra às drogas e apresenta outro chefão do narcotráfico
Franquia “Narcos” ganha spin-off e mantém fórmula de sucesso da série original. Destaque vai para interpretação dos principais atores
“Narcos: México”, lançada 16 de novembro pela Netflix, segue a fórmula de sucesso da série original, que mostrou a ascensão e queda do narcotraficante colombiano Pablo Escobar, além de contar a história do cartel de Cali. Em pauta está novamente a fracassada guerra às drogas americana e o surgimento em outro país de um novo chefão do narcotráfico: Miguel Ángel Félix Gallardo, que uniu grupos diferentes em um sindicato do crime, fundou o cartel de Guadalajara e deu status “empresarial” ao tráfico no México.
Com um roteiro que mantém as certeiras cenas de ação e tramas que envolvem corrupção e assassinatos, baseadas em fatos reais mesclados com ficção, um dos maiores acertos do spin-off fica por conta de seus atores. Diego Luna (de Rogue One – Uma História Star Wars) dá vida ao “chefe dos chefes”, o “padrinho” Miguel Félix Gallardo, narcotraficante que revolucionou o comércio de drogas no México. Seu parceiro na empreitada é o “agricultor” Rafael Caro Quintero, brilhantemente interpretado por Tenoch Huerta (Os 33). Fechando o trio de protagonistas mexicanos está Joaquin Cosio, que faz o Ernesto Fonseca Carrillo, o “Don Neto”. Juntos, eles são os responsáveis pela fundação do cartel de Guadalajara.
Assim como na Colômbia, mais uma vez a DEA, departamento antidrogas americano, faz a vez da responsável por desmantelar o narcotráfico e esbarra na vista grossa de alguns agentes, na burocracia e no enraizado sistema corrupto presente no país. O mocinho da série é interpretado por Michael Pena, na pele do agente da DEA Kiki Camarena. O ator faz um policial muito determinado que luta para ser reconhecido e acaba arcando de forma mortal com as consequências de bater de frente com o cartel de Félix Callardo. Assim como na série, o Camarena da vida real foi sequestrado e torturado por mais de um dia até a morte.
Diferente de Escobar, Félix faz o chefão frio, calculista, que conseguiu através do diálogo e de vultosas propinas manter a polícia, a agência de inteligência mexicana (DFS) e membros do governo em suas mãos. Entretanto, a vaidade e ambição também estão presentes no líder do cartel de Guadalajara. Tanto que com a liderança de ‘El Padriño’ o grupo criou o monopólio do tráfico de drogas no México e chegou a faturar na casa dos bilhões quando entrou para o transporte de cocaína para os EUA vindo da Colômbia.
Outro aspecto positivo da série é a retomada da presença de figuras femininas, presentes na primeira e segunda temporada de Narcos, mas que desapareceu na terceira, que focava na Cocaína S/A do cartel de Cali. Em Narcos México elas voltam a ganhar protagonismo com Isabela Bautista (a bela Teresa Ruiz), responsável pela conexão com a Colômbia para o transporte para os EUA via México; Mika Camarena (Alyssa Diaz), esposa do agente Kiki, representando uma forte mulher que está presente na rotina do marido e faz pressão para que os americanos busquem o marido quando ele é sequestrado; e a mulher de Félix, María Elvira (Fernanda Urrejola).
O desmembramento da franquia Narcos mostra que o novo projeto, também criada por Eric Newman e com produção executiva de José Padilha, promete ser um sucesso tanto quanto a que contou o surgimento de Pablo Escobar e a história do tráfico na Colômbia. Aliás, Narcos México mata a saudade dos chefões de Medelín e Cali em um dos episódios, com participação de Wagner Moura.
E material não falta: até hoje a guerra entre cartéis, hoje descentralizados, provocam uma disputa sangrenta pelo comércio no país que é fronteira dos Estados Unidos, que recebeu (e ainda recebe) muita maconha e cocaína via México. Personagens presentes nesta primeira temporada de Narcos México, como o então jovem capanga Joaquín ‘El Chapo’ Guzman (Alejandro Edda), se tornarão figuras centrais nas possíveis próximas temporadas.
Avaliação: Excelente