‘O Método Kominsky’ volta mais leve e ainda engraçado

 em cinema e tv
Premiada comédia estrelada por Michael Douglas chega à segunda temporada na Netflix com poucas mudanças

Depois de faturar, logo na estreia, o Globo de Ouro na categoria de melhor série de comédia ou musical, O Método Kominsky reestreou na Netflix no último 25 de outubro com a responsabilidade de manter a qualidade que a consagrou.

Apesar de ser uma comédia, havia muito espaço para o drama em seu primeiro ano, com mortes, doença, dependência química, solidão, etc., tendo como alicerce – e mantendo na segunda – a amizade entre Sandy Kominsky (Michael Douglas, também vencedor do Globo de Ouro) e Norman (Alan Arkin). Bem, todos esses elementos ainda se fazem presentes, mas algumas mudanças foram promovidas pelo creator Chuck Lorre.

É perceptível o clima mais ameno, na medida do possível, com um humor que remete mais a Two and a Half Man, também obra de Lorre, e que segue um mesmo estilo de roteiro baseado, em sua quase totalidade, em apenas dois personagens. Desta vez, Douglas e Arkin reinam absolutos, com menos espaço para os outros (ainda brilhantes) coadjuvantes. Melhor ainda, dispensando a claque, da qual o roteirista é habitué.

Chuck Lorre (67), Alan Arkin (85) e Michael Douglas (75) | Foto: Netflix/Divulgação

E falando em melhorias, não é exatamente que a série tenha melhorado – nem piorado, importante ressaltar. É que a acidez, a cumplicidade e as imperdíveis trocas de insultos entre Sandy e Norman se bastam. Claro que ainda assim, os oito episódios reservam emoções à parte, como a inclusão de novos personagens, mas é isso mesmo, à parte. Enquanto na estreia, os dramas da velhice – incluindo a ronda da morte – eram um dos alicerces do texto, aqui há uma tentativa de reconciliação com a própria existência e a de seus próximos. Aí, se inserem questões realmente hilárias, pela ótica de Lorre, desta etapa da vida: problemas de ereção, velórios de amigos, aposentadoria, entre outros. Além de reencontros amorosos, essa força que não tem idade.

Vale destacar a acertada presença de Paul Reiser como o novo namorado, também idoso, de Mindy (Sarah Baker) e a apreensão em relação à reação de Sandy. Há, no entanto, menos momentos emblemáticos na escola de preparação de atores que batiza a sitcom. Desse núcleo, surgem instigantes formas como Sandy lida com novos desafios geracionais ou dilemas atemporais. As exuberantes participações especiais, marca do primeiro ano, ficam por conta de Haley Joel Osment (O Sexto Sentido), Kathleen Turner, Allison Janney (The West Wing) e Bob Odenkirk (Better Call Saul, Breaking Bad).

Com o aumento do envelhecimento populacional, é mais que natural que séries com essa temática surjam – e que a mesma possa ser tratada com humor. Por enquanto, temos esta e a também excelente Grace and Frankie como as mais nobres expoentes. Ambas esbanjaram competência na renovação e também têm em comum elenco estelar. Ainda que a saga de Kominsky chegue ao fim, já que a renovação para o próximo ano ainda não foi confirmada, ficam escancaradas as janelas de oportunidades para os experientes Douglas e Arkin, brilhantes no cinema, nas plataformas de streaming.

Avaliação: Excelente

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