Quatro documentários e um filme para entender o racismo nos EUA e os protestos por George Floyd

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Produções disponíveis na Netflix ajudam a entender a questão racial nos Estados Unidos, que ganhou o mundo após o assassinato de George Floyd em Minneapolis

 

A morte de George Floyd pelo policial Derek Chauvin de forma brutal e covarde em Minneapolis, nos Estados Unidos, fez o país tomar as ruas contra o racismo contra afroamericanos, que está entranhado no sistema policial que assassina negros. Não foi o primeiro, infelizmente. E na última sexta-feira voltou a acontecer em Atlanta, quando Rayshard Brooks, de 27 anos, resistiu à prisão e foi morto a tiros pelas costas.

Os reflexos do movimento “Vidas Negras Importam“, inclusive, chegaram no Brasil, onde se pediu por Justiça pelas mortes de negros e favelados do nosso país. Além de ocupar as ruas, discutir o racismo estrutural é uma obrigação de todos e não deve acontecer somente quando o racismo ceifa vidas.

Para entender o que acontece nos Estados Unidos, selecionamos quatro documentários e um filme, disponíveis na Netflix, que mostram como a sociedade foi estruturada para apontar,  discriminar, condenar e matar negros.

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Para facilitar quem quer se informar sobre o assunto, a plataforma lançou semana passada a categoria “black lives matter (vidas negras importam) de filmes e séries sobre o assunto.

A 13ª Emenda

Dirigido por Ava DuVernay, conhecida pelas produções dirigidas à causa negra, o premiado documentário analisa a 13ª emenda da Constituição americana, criada após o fim da Guerra Civil americana e da escravidão no país, que perpetua a condição de “escravo” ao negro no país e o encarceramento dele. São apontadas estatísticas do crescimento da população carcerária para analisar como o sistema age para condenar o negro nos EUA.

A emenda garante a liberdade, mas, nas entrelinhas, abre exceção para não garantir esta “liberdade” a quem comete crimes. E qual é o povo perseguido e tratado como criminoso? Sim, o negro. Esta “brecha” ajuda na engrenagem bilionária do sistema prisional privado americano, que ganha com a mão de obra do detento, e também com a “indústria” dos acordos judiciais, onde inocentes acabam confessando por um crime que não cometeu para evitar o julgamento.

Olhos que Condenam

Também dirigido pela premiada Ava DuVernay, o filme com a história real de cinco jovens do Harlem — quatro negros e um de origem latina — que tiveram suas vidas destruídas após serem acusados injustamente pelo estupro de uma mulher branca no Central Park, em Nova York, em abril de 1989.

O título denota o tom racista de como foi conduzido o caso. A diretora põe em discussão o racismo estrutural, a brutalidade policial, o cruel sistema carcerário americano e a força da mídia na consolidação da opinião pública que ajudou na condenação dos Cinco do Central Park. Escrevemos sobre o filme, você pode ler clicando no link.

Time: The Kalief Browder Story

Documentário de 2017, “Time: The Kalief Browder Story”, conta a história de Kalief Browder, de 16 anos, que ficou três anos preso injustamente e sem julgamento, acusado do roubo de uma mochila. Por não ter dinheiro para a fiança e não assumir por um crime que cometeue fazer um acordo com a promotoria, acabou mantido na cadeia, onde sofreu diversas torturas e agressões.

Dois anos depois de ser solto, ele acabou não aguentando a pressão de todos os traumas deixados pelo tempo na cadeia e se suicidou. Mais uma vez, por se tratar de um problema nítico e crônico, é mostrado o racismo do sistema policial, judicial e carcerário nos EUA. Clique aquie assista aqui o trailer!

Quem matou Malcolm X

O material esmiúça as lacunas e teorias em volta do assassinato do líder negro da década de 60 Malcolm X, apontadas pelo ativista e historiadorAbdur-Rahman Muhammad. A história oficial não é aceita e o investigador aponta possíveis assassinos e mandantes da morte de Malcom, que incomodava desde o FBI até líderes religiosos.

Mesmo com o foco no mistério sobre o assassinato, o documentário conta a história desde sua infância, a juventude marginalizada e a guinada para se tornar um dos principais líderes do movimento em defesa do direito dos negros.

Um crime americano

O documentário da National Geographic explora os protestos e a onda de violência que tomaram conta da cidade de Los Angeles em 1992. O estopim foi o caso do negro Rodney King, que em março de 1991 foi detido de forma violenta e espancado por policiais brancos após ser acusado de dirigir em alta velocidade.

Cerca de um ano depois, um júri formado por maioria branca absolveu os agentes, mesmo com as imagens que flagraram de toda a sessão de espancamento. A impunidade deu início a uma guerra racial na cidade, que durou seis dias e teve mais de 50 mortes, 2.800 feridos, 3.100 comércios destruídos e prejuízos de mais de US$ 1 bilhão.

Até o caso de George Floyd, era a manifestação com mais tempo de duração nos EUA. O documentário relembra outros casos de racismo que acabou com a morte de negros e resgata impressionantes imagens dos protestos da época.

* Imagem destacada de reprodução do documentário “13ª Emenda”

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