Segunda temporada de ‘Narcos México’: mesmo com história batida, série da Netflix segue envolvente

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Segunda parte da série foca na perda de poder de Miguel Ángel Félix Gallardo e na ascensão de novos chefões do narcotráfico no México

 

Mesmo com uma história batida e conhecida de parte do público, a segunda temporada da série Narcos México, disponível na Netflix, consegue manter os telespectadores presos com a trama envolvente construída a partir de fatos reais misturados a ficção.

A sequência da série, um spin-off da original Narcos, que começou com a história de Pablo Escobar na Colômbia, passando pelo Cartel de Cali, foca na desestabilização da Federação, organização criada pelo narcotraficante Miguel Ángel Félix Gallardo, responsável pela morte do agente da DEA Kiki Camarena, trama que conduz a narrativa. 

O também agente da DEA Walt Breslin é o “mocinho” da trama, que busca justiça por Camarena. Diferente do correto policial vitimado, o personagem de Scoot McNairy é capaz de tudo para alcançar seus objetivos. Os “fins justificando os meios” têm motivação pessoal nessa guerra às drogas. 

Agente da DEA Walt Breslin, em Narcos México 2

Como na primeira temporada, o ‘El Padrino’ de Diego Luna deixa a desejar. Não por falta de talento, mas sim pela inexistência de carisma do personagem, bem aquém dos outros “chefões” protagonistas de outras temporadas. A série mostra como sua ambição em busca do lugar mais alto no topo faz as praças (cartel pertencente ao grupo criminoso) se rebelarem contra ele. 

Com isso, outros personagens acabam ganhando destaque na série, em contraponto a perda de protagonismo de ‘El Padrino’. O principal deles é El Chapo Guzman (Alejandro Edda), poderoso chefão das drogas do cartel de Sinaloa nos anos 90 que começa a ganhar mais cenas e diálogos, já preparando terreno para sua ascensão numa nova temporada. Seria ele o novo protagonista? A esperar. 

El Chapo Guzman (Alejandro Edda): personagem começa a ganhar espaço

Um acerto do showrunner Eric Newman, inclusive, é evolução é gradativa de Chapo. Quem não conhece a história (existe uma boa série focando somente nele, chamada “El Chapo”, também na Netflix), nem perceberia o que ainda estar por vir. 

Outro personagem que vale acompanhar o desdobramento e se destaca nessa temporada é Amado Carrillo Fuentes, o “Senhor dos Ares”, responsável pelo transporte de cocaína do em aviões. Com a ruptura com Félix, ele vira um dos chefões do Cartel de Juárez.

Amado Carrillo Fuentes, o ‘Senhor dos Ares’

Chama atenção as movimentações no núcleo político da história, que mostra uma fraudulenta eleição no fim dos anos 80. Isso é um ponto alto da série, revelando como Félix Gallardo se manteve tanto tempo no poder com a vista grossa das autoridades.

Mesmo com a rivalidade acirrada entre os cartéis insatisfeitos com o chefe, Narcos México 2 pouco foca nas cenas de violência, mas elas estão presentes em alguns momentos e sem nenhum pudor, inclusive a praticada pelos “homens da lei”. 

A economia em sequências violentas deve ser deixada de lado na próxima temporada, já que, como prevê Félix aponta a história real, a independência vai aumentar a ambição e acirrar a guerra entre os territórios. 

E a queda do barão das drogas é tão gigante quanto foi a sua ascensão, mérito também dos roteiristas do spin-off. O final é mais do mesmo: a falida guerra contra as drogas não tem fim enquanto reinar a corrupção e o foco for a repressão armada.

A jogo de xadrez do narcotráfico vai continuar, mudando apenas as peças do tabuleiro. O resultado sentimos até hoje.

Avaliação: Bom

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