The Boys é a melhor ‘série de herói’ da atualidade

 em cinema e tv

Seth Rogen e Evan Goldberg se juntam a quadrinistas para mostrar que nem todo mundo que usa capa é, de fato, um super.

Criada pelos elogiados Garth Ennis e Darrick Robertson, The Boys foi publicada entre 2006 e 2008, considerada uma das revistas em quadrinhos adultos mais polêmicas e finalmente ganha as telas do Prime Video, plataforma de streaming da gigante do varejo Amazon.

Karl Urban e Jack Quaid

A série demorou para virar realidade. Rejeitada por dois estúdios de cinema e um canal de TV, os próprios quadrinhos já foram publicados pela gigante DC, mas também dispensados. Ennis e Robertson, originalmente imaginavam um mundo onde os super-heróis não passavam de criaturas egocêntricas, envolvendo muita droga, nojeira, sexo explícito e controvérsias. Não era exatamente para a família tradicional.

Foi então que Seth Rogen e Evan Goldberg, os gênios do humor por trás do já clássico Superbad, se juntaram a Eric Kripke (criador de Supernatural) para conceber a adaptação, que também conta com a produção de Ennis, anunciada ainda em 2016. Essa não é a primeira parceria deles, que já havia rolado em Preacher, menos incensada, mas igualmente “doentia”.

Estrelada por Karl Urban (Billy Butcher, o Skurge de Thor Ragnarok) e Jack Quaid (Hughie Campbell), a adaptação, seguiu por um caminho de usar os quadrinhos apenas como fio condutor, o que deu mais liberdade aos showrunners. Pois os primeiros cinco minutos já são devastadores, quando Hughie, um cara absolutamente comum, tem sua namorada assassinada – em cena agonizante – por um super. Em busca de justiça, seu caminho se cruza com o do sombrio Billy Butcher, que revela grande obsessão em destruir a reputação dos heróis, especialmente líder Capitão Pátria (uma mistura de Capitão América com Superman), esses controlados por uma empresa chamada Vought. Impressionante o pé na realidade.

Ágil, lançada em apenas oito episódios, a primeira temporada, como muitas, apresenta os personagens e os dilemas morais que norteiam o roteiro. O grande alvo de Butcher é o Capitão Pátria, líder do seleto grupo Os Sete. Para isso, ele reúne The Boys, que incluem o traficante Francês (Tomer Capon) e Leitinho de Mãe (Laz Alonso). Fêmea (Karen Fukuhara), a única sobrenatural, também integra o bando. Curiosamente, a aparência de Hughie nos quadrinhos é inspirada no ator Simon Pegg (Star Trek), que aqui dá vida ao seu pai.

Mais próxima de Watchmen, essa Liga da Justiça às avessas é completa por Rainha Maeve (Dominique McElligott), Trem-Bala (Jessie Usher), Translúcido (Alex Hassell), Profundo (Chace Crawford), Sombra Negra (Nathan Mitchell) e Luz-Estrela (Erin Moriarty), a beata recém-admitida em Os Sete. Por trás deles está uma antagonista humana chamada Madelyn Stillwell (Elizabeth Shue, uma das mais brilhantes do elenco).

Os Sete

Durante a Comic Con San Diego, realizada na Califórnia no mês passado, o criador Kripke definiu:

“A série é, na verdade, sobre o que acontece quando você usa celebridades para manipular as pessoas, levando pessoas comuns a agir contra seus próprios interesses. ‘The Boys’ é uma série divertida de super-herói, mas é também um retrato incrivelmente preciso do mundo em que vivemos”.

O retrato pintado sobre Os Sete mostra que o que mais aproxima os super dos humanos comuns é justamente quando lhes falta a humanidade, com todos os abusos que eles podem cometer. Apesar do humor e da violência que prevalecem na estética de muitas séries de herói, o grande mérito desta não é apenas a sátira a esse universo. Toda a fantasia é utilizada com precisão para diluir críticas ao machismo, à religião e ao sistema político, além de zombar dos padrões vigentes das poderosas Marvel e DC. Por conta disso, além de divertir com convincentes cenas de luta, o público é alimentado com a profundidade que o formato permite. The Boys se destaca ao escancarar a hipocrisia endêmica da própria sociedade moderna, se credenciando como a melhor do gênero. As participações especiais são como a cereja do bolo!

A série, que estreou no dia 26 de julho, já é uma das mais assistidas da plataforma. A segunda temporada já está confirmada e sendo rodada. O showrunner Kripke até já adiantou que haverá mais um banho sangue:

Avaliação: Excelente

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