‘Insubmissas lágrimas de mulheres’ evidencia violência e desigualdade

 em literatura

Em livro de contos, Conceição Evaristo reúne histórias de mulheres negras

Quem conhece a obra de Conceição Evaristo logo nota os pontos fortes de sua narrativa: a sensibilidade e a empatia ao discutir a violência contra a mulher. E não foi diferente no livro Insubmissas lágrimas de mulheres, publicado em 2011. Com 13 contos, o título foi baseado em entrevistas reais da autora com mulheres negras de todas as idades.

A narração varia de acordo com os contos: em alguns textos, Conceição conta as histórias em primeira pessoa e retrata o momento do encontro entre ela e as entrevistadas; em outros, a autora mescla as vozes e deixa as mulheres em primeiro plano. Uma das histórias mais marcantes do livro é a de Shirley Paixão, que tentou matar seu marido após ele agredir e abusar de uma de suas enteadas.

Insubmissas lágrimas de mulheres é uma obra fundamental para entendermos a precariedade do dia a dia das mulheres negras – desde o preconceito que sofrem nas ruas e no ambiente de trabalho até a violência doméstica de seus próprios maridos (pais, parentes…).

O livro evidencia o machismo estrutural que temos na sociedade e que é passado entre as gerações. É preciso conhecer essas histórias para criarmos ainda mais empatia com as personagens e não repetirmos os mesmos erros.

Sobre a autora

Nascida em 29 de novembro de 1946, em uma comunidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Conceição Evaristo foi criada em uma família pobre e chegou a trabalhar como empregada doméstica. Graduou-se em Letras pela UFRJ, mestra pela PUC-Rio e doutora pela UFF.

A autora publicou seu primeiro poema em 1990 no Cadernos Negros e, ao longo da carreira, escreveu obras que abordam questões raciais, de gênero e de classe. Em 2017, teve o romance Ponciá Vicêncio, de 2003, publicado em inglês nos Estados Unidos e, em 2015, venceu o Prêmio Jabuti de Literatura.

Avaliação: Excelente

Tijucana antes de ser carioca. Jornalista de profissão, não vive sem a dança nas horas vagas. É apaixonada por livros, música, arte de rua e exposições.

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