Lenda da cultura indígena é contada e valorizada através de história em quadrinhos
Ilustrador Vinicius Galhardo realiza financiamento coletivo para lançar HQ com adaptação da lenda da vitória-régia, de origem tupi-guarani. Projeto do desenhista também apresenta 31 deuses de contos da cultura indígena
Pouco valorizada no nosso país, a cultura indígena ganhou um reforço e tanto para a disseminação de seus mitos e rituais. O ilustrador Vinicius Galhardo resolveu dar forma às figuras mitológicas dos povos de língua tupi-guarani, com o objetivo de valorizar nosso panteão de divindades, pouco conhecido pelos brasileiros. Junto às artes, ele criou um financiamento coletivo para lançar uma história em quadrinhos para dar cor a uma lenda tupi-guarani.
A série de desenhos foi divulgada em outubro deste ano por Galhardo, dentro do projeto Inktober, iniciativa de postar uma série de desenhos no mês, criada pelo ilustrador Jake Parker, visando dar mais visibilidade aos trabalhos divulgados.
As 31 retratações dos deuses indígenas fez um grande sucesso e chegou à Pitaya Cultural, que decidiu descobrir quem era o autor por trás das artes, que tem 29 anos e desenha desde criança. “Desde que me conheço por gente e venho sempre fazendo cursos para aprimorar”, conta o paulista.
Entre os deuses ilustrados por Galhardo estão Tupã, deus do trovão e dos raios e representante supremo do panteão tupi-guarani; Guaraci, deus do sol; Jaci, representação da lua, além entre outros conhecidos e até desconhecidos do grande público. A ideia surgiu no intuito de valorizar a cultura que é nossa, mas pouco conhecida e disseminada.
“A ideia surgiu quando eu estava pesquisando algum tema do folclore nacional para fazer uma HQ, porém, pesquisando, me dei conta que tem lendas tupi-guarani riquíssimas e belíssimas, e que são pouco conhecidas ou exploradas. Então resolvi focar nisso para tentar difundir essa cultura rica”, contou o ilustrador.
Em paralelo às artes dos deuses, o desenhista criou uma história em quadrinhos que vai contar a lenda de Irupé. Nela, uma índia sonha em ser transformada em estrela por Jaci, a deusa da lua. Com expressões da língua indígena, mas os leitores não precisam se preocupar.
“Irupé em tupi-guarani é vitória-régia. Nessa obra eu tive ajuda de uma amiga minha, que é linguista em tupi-guarani, e nos textos terão expressões e palavras em tupi, acompanhados de tradução em nota de rodapé”, conta Galhardo, que estudou o tema durante mais de um ano.
Buscando agilizar o lançamento, o que não conseguiria com tanta rapidez com uma editora, inclusive por conta do formato que criou, ele recorreu ao financiamento coletivo. O colaborador pode doar de R$ 10 a R$ 220, que além da HQ dá outra série de recompensas, entre elas um artbook com todas os desenhos dos deuses, com a descrição de cada um deles.O conto em quadrinhos também terá de bônus uma galeria com figuras indígenas ilustradas por 10 artistas convidados, com estilos diferentes.
“Acredito que através dos desenhos e da história em quadrinhos possa divulgar e difundir esta cultura para o povo. Tudo o que aprendemos na vida escolar sobre os povos indígenas é extremamente raso. Como a HQ é livre para todas as idades, pretendo atingir pessoas de todas as idades, e gerar curiosidade e interesse na população para conhecer mais das nossas raízes”, defende. Quem quiser doar e conseguir garantir o seu exemplar da revista, é só clicar aqui. Já todos os desenhos dos deuses indígenas você confere aqui.