Resenha: Livro ‘A sutil arte de ligar o f*da-se’ traz verdades inconvenientes
Com linguagem direta e buscando fugir das abordagens da autoajuda, Mark Manson defende que ninguém é perfeito e aceitar problemas faz a vida melhor. ‘A sutil arte de ligar o f*da-se’ é o livro mais vendido no Brasil em 2018
O livro “A sutil arte de ligar o f*da-se” é um verdadeiro choque de realidade, um tapa na cara de quem acha que é o perfeito, bem-sucedido, mas na verdade foge dos seus problemas. Sim, Mark Manson conta, como aquele verdadeiro amigo, que enquanto você busca o sucesso a qualquer custo, a vida está ladeira abaixo com o caos que muitos fingem não existir. O mantra de “pensar positivo” disseminado e vendido como fórmula nos livros de autoajuda é derrubado pelo escritor neste livro lançado que é o mais vendido até então em 2018 no Brasil.
O título da obra dá o tom da narrativa leve e com humor cítrico, sem meias palavras e verdades inconvenientes. Manson destaca a importância de dar valor ao que realmente importa e ligar o foda-se para o resto. O “boom” das redes sociais com os seus “modelos de vida perfeita” carregada de filtros, e a cultura do consumo que sufoca faz pensarmos que nossa vida é uma merda e pequenos problemas que deveriam ser solucionados se tornam um mal gigantesco. O autor defende que isso leva a sempre pensarmos negativo. Ele nos mostra que ninguém é perfeito e a vida é cheia de obstáculos.
O problema é não aceitar as adversidades. Manson aponta que temos que aceitá-las, resolvê-las e aprender com elas, pois nem sempre estar bem faz parte da vida. Essa busca incessante por uma felicidade suprema só piora as coisas. “Desejar experiências positivas é uma experiência negativa. “Paradoxalmente, a aceitação da experiência negativa é, sem si, uma experiência positiva”, diz o escritor.
Segundo Manson, a solução de “ligar o f*da-se” não significa não se importar com tudo, mas sim com coisas que realmente valham a pena. Isso passa por não dar a mínima para o que pensam de você e não criar uma imagem para outros de uma pessoa que não existe. Ser feliz mesmo com as adversidades, definindo as batalhas que realmente merecem ser lutadas, exige um exercício de definir em quais valores acreditamos e fazer nossa vida fazer sentido.
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Exemplos de lutas que não deveriam ser travadas, estilos de vida baseados apenas em “euforias” momentâneas ou ideais alheios que viram regras são mostrados no livro. Manson define como “valores escrotos” o prazer, a busca a qualquer custo pelo sucesso material, estar sempre certo e o otimismo implacável. Embasado na psicologia, ele também aponta a dificuldade do ser humano em ser rejeitado e como somos condicionados a sempre dizer sim, mesmo querendo falar não.
O próprio Manson detalha sua vida sem significado na juventude, onde através de perdas e porradas que tomou ao longo da caminhada aprendeu que era necessário redefinir o que realmente importava. O livro também aponta o poder de se estabelecer limites e responsabilidades em todos os tipos de relação.
Por fim, o escritor destaca a importância de aceitação da morte, que ela é inevitável e temos que fazer a vida valer a pena, aceitar todos os nossos problemas, resolvê-los. Enfrentar a mortalidade faz eliminar todos os valores ruins, frágeis e superficiais, defende Manson. “A sutil arte de ligar o f*da-se” é para quem busca a verdade nua e crua, independente de suas consequências. Ninguém é perfeito e a vida é cheia de obstáculos que surgem em qualquer decisão que tomamos, seja ela certa ou não.
Sobre o autor
Mark Manson tem 34 anos, mora em Nova York, nos Estados Unidos, e mantém um blog com a mesma linguagem direta do livro. É casado com uma publicitária brasileira, que ele conheceu em uma viagem ao Brasil.
Inclusive, já polemizou ao escrever sobre o Brasil, falando que o problema do país eram os brasileiros. O texto foi alvo de muitas críticas e apontado como raso e superficial.
Começou a escrever na Internet dando conselhos amorosos e já publicou um livro “ensinando como conquistar mulheres usando da honestidade”. Diferente de “A sutil arte”, não foi bem aceito.