Dez discos nacionais para ouvir

 em música

A música brasileira é, você sabe, uma das melhores do mundo. Na miríade de gêneros, ritmos e subcategorias de nosso cancioneiro, temos uma vasta gama de espectros musicais: gente nova fazendo música interessante e gente das antigas também fazendo muita coisa inventiva. Para apresentar um pequeno panorama do riquíssimo acervo brasileiro, Pitaya Cultural separou 10 discos nacionais para você ouvir antes do fim do ano.

Arnaldo Antunes – RSTUVXZ

O ex-titã voltou com um trabalho que funde rock e samba sem perder o compasso e o ritmo. RSTUVXZ mostra Arnaldo em grande forma, em versões ácidas (Eu Todo Mundo), acariciando o fino do samba (Também Pede Bis), regravações (Pense Duas Vezes Antes de Esquecer) e momentos que lembram a melhor fase de sua antiga banda (Se Precavê). Para ouvir muitas vezes.

Dingo Bells – Todo Mundo Vai Mudar

Você já sentiu falta daquele pop de qualidade, no puro significado da palavra? Tem muita gente boa por aí fazendo o ‘resgate’ do movimento: Marcelo Jeneci, Tulipa Ruiz, Saulo Duarte e a Unidade, Daniel Groove…a lista segue, mas o trio gaúcho Dingo Bells é o que mais se aproxima do estilo radiofônico para as massas. Espécie de continuação do ótimo Maravilhas da Vida Moderna, Todo Mundo Vai Mudar mira alto, com canções que passeiam por estilos distintos do pop. Em breve em uma novela perto de você (e isso é bom).

Djonga – O Menino Que Queria Ser Deus

O Menino que Queria ser Deus é uma pedrada das boas e mais afiado que Heresia, trabalho anterior do rapper mineiro. Sobram ótimos versos, a maioria de beats secos, emoldurando o estilo conciso e duro do disco. Há petardos sobre racismo, exclusão social, fome, violência, reflexões sobre a vida artística e um pouco de romance. Djonga só melhora.

Elza Soares – Deus É Mulher

Impressionante retrato sobre o que se transformou o Brasil após o impeachment de Dilma Rousseff, Deus É Mulher só poderia ser feito por e para Elza Soares, a maior cantora brasileira de todos os tempos (você já viu ‘Elza’? Veja!). Sob arranjos inventivos de Rômulo Fróes e companhia, o disco traduz sentimentos e conduz a reflexões na voz ainda potente de Elza. Desde a religão (Exu nas Escolas, Credo), sexo (Banho, Eu Quero Comer Você), passando por política (O Que Se Cala, Deus É Mulher) e até a natureza figurativa e humana (Um Olho Aberto), tudo passa pela combinação de força e um quê de desesperança e esperança caminhando juntos.

Huey – Ma

A banda paulistana instrumental alterna momentos de fúria e calma em Ma, combinando as guitarras pesadas do metal com as sutilezas harmônicas e melódicas alternando-se sem atropelos na obra. Dentro do rock, há influências do trash, do death, do nu metal e até do funk em oito faixas que não deixam a peteca cair. Disco para ouvir alto.

Ilessi – Mundo Afora: Meada

Ilessi é uma das novas e fortes vozes da música brasileira. Com Mundo Afora: Meada, cunhado no regionalismo do sertão, a cantora passeia por temas do cotidiano escudada por sanfona, guitarras, zabumba, bateria e sopros sem perder a toada. Com arranjos do gigante Thiago Amud, da chamada ‘nova MPB’, o álbum é riquíssimo e uma espécie de manifesto sobre a própria música e seus rumos. Nada do que o disco promete se cumpriria sem o canto certeiro de Ilessi. Candidato a clássico, mesmo não sendo um disco fácil o tempo inteiro.

Maria Beraldo – Cavala

Flertando com a MPB, o punk, a música eletrônica e o experimentalismo sem deixar de ser incrivelmente acessível, Cavala vem carregado de referências à sexualidade de Maria Beraldo. Quando você menos esperar, vai assobiar a melodia cativante de Tenso, sobre sentir tesão, sorrir com os versos de Da Menor Importância (pegou a referência?) e Amor Verdade e se perguntar por que Helena não está tocando em todos os lugares. Fique de olho em Maria Beraldo.

Mestre Anderson Miguel – Sonorosa

Mestre Anderson Miguel pega a história do coco, maracatu, embolada, acena para o rock e embala tudo de forma dançante, preservando as raízes da ciranda nordestina. Sonorosa é uma potência que remete aos melhores trabalhos de Siba ao lado de Mestre Ambrósio. Com temas diretamente ligados à cultura e literatura de cordel, o álbum é um sopro de novidade de mãos dadas com à tradição. A faixa título entrega tudo e atesta que este é, possivelmente, o disco mais bonito do ano.

Moacyr Luz – Natureza e Fé

Um dos maiores nomes do samba e da música popular brasileira volta com o disco mais impactante de samba em muitos anos. Natureza e Fé mostra Moa em sua melhor forma, versando sobre coisas da madrugada, fé, amor e a natureza do samba e, de certa forma, experimentando. A presença de piano, bateria e baixo em parceria com percussão e cordas características de sua obra não causa estranheza: é Moacyr Luz rompendo barreiras como sempre fez. As parcerias novas e velhas (Martinho da Vila, Teresa Cristina, Jorge Aragão, Pretinho da Serrinha, Fred Camacho) ajudam a abrilhantar ainda mais a obra.

Wado – Precariado

Com carreira solidificada na cena independente, Wado faz seu disco mais acessível até agora (apesar do bom e solar Ivete). Isto porque o alagoano de nascimento se cerca de bons parceiros e condensa em Precariado todas as fases de sua carreira sem tropeços, o que é um feito considerável em um leque vasto de experiências. Há um forte conteúdo político social, como no início, sem ser desvinculado de músicas pop por excelência, caso de Onda Permanente, com participação de Teago Oliveira, da Maglore, ou a solar Janelas, com participação do grupo Tuyo.

 

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