Em clipe, Lucas Vasconcellos dialoga com Uyara Torrente sobre processo criativo à distância

 em música

Dueto inspirado em ‘Endless Love’, de Lionel Richie com Diana Ross, é um dos destaques do recente disco do artista fluminense

No quarto trabalho solo do guitarrista, produtor, cantor, compositor e arranjador Lucas Vasconcellos, “Teoria da Terra Plena”, uma das faixas que chama mais a atenção é “Vamos Tacar Fogo nas Coisas”, parceria com Uyara Torrente, vocalista d’A Banda Mais Bonita da Cidade. A faixa acaba de ganhar um videoclipe, em que reflete encontros e desencontros de um casal, ao mesmo tempo em que o vídeo revela como a distância impacta no processo criativo em tempos pandêmicos.

A ideia de um amor representado em um dueto de cumplicidade é atualizada para o modo como o afeto é pensado no Brasil de 2021.

“A letra surgiu por acaso, numa conversa que tive um dia com minha empresária. Um dia ela comentou comigo: ‘Cê já reparou que quando as pessoas têm medo ou vergonha de dizer algo pra alguém elas dizem em inglês, pra dar uma aliviada e parecer mais natural? Sempre pinta um ‘sorry’ quando você tem que pedir desculpas, um ‘Love you’ antes de um eu te amo, um ‘thanks’ nos agradecimentos do dia-a-dia…’ Achei essa percepção curiosíssima e muito real e quis trazer isso pra essa música, de um jeito mais afetuoso”, reflete Lucas.

Depois de encerrada sua banda Letuce e uma pausa nas turnês da Legião Urbana, Lucas se reencontrou, neste novo álbum, com os instrumentos acústicos. Gravado em seu estúdio na Serra dos Órgãos, o disco traz uma lírica que exalta o bucólico como o seu verdadeiro lugar de criação e liberdade:

Esse disco nasceu pra ser minha conexão com o presente. Sempre me senti, como compositor, de alguma maneira aprisionado pelas memórias ou muito ansioso por acontecimentos. Raras vezes na minha vida de criador eu consegui ter essa paz de olhar pra um trabalho meu e sentir que ele traduz o meu presente, sem urgências e sem nostalgias. Acho que esse é o traço matricial desse trabalho.

Ele completa: Fazer um disco, no tempo de hoje, com o mundo desse jeito e sobretudo o Brasil do jeito que se encontra, culturalmente abandonado e marginalizado, me trouxe um desejo de ar, de respirar. Pude experimentar um pouco dessa sensação privilegiada de contato com a natureza, de fruição do silêncio, de poder olhar pra dentro e ressignificar os acontecimentos sociais de uma maneira menos afetada, mais íntima.

Antes, o artista já havia lançado o clipe de “Somos esse Trem” e vídeos com versões acústicas de outras faixas de “Teoria da Terra Plena”: “Eu Vou Sequestrar Você” e “O contorno das nuvens“.

Foto em destaque: Ana Alexandrino/Divulgação

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