Retropectiva Pitaya Cultural: Os melhores discos nacionais de 2018

 em música

Produção musical brasileira mostra verdadeira miríade de talentos em todos os gêneros, de grandes medalhões a novos rostos na cena independente

Primeiro: não estranhe se você não encontrar nesta lista nenhum nome da cena de rap, certamente a mais rica do país. Os destaques do gênero são tão poderosos que merecem uma votação própria, que será publicada nesta sexta-feira.

No mais, os selecionados entre os melhores discos de 2018 mostram que a cena musical da nossa terra está cada vez mais rica. Sem mais delongas, os escolhidos.

Menção Honrosa – Pabllo Vittar – Não Para Não

Após o estrondoso sucesso de Vai Passar Mal, Pabllo Vittar mostra muito cacife para repetir a dose. Com músicas mais elaboradas e cadenciadas, a produção de Não Para Não foca mais no pop que o eletrobrega, mas não abandona a essência do que fez a cantora decolar no país. Bastante calculado, o álbum segue a fórmula e também busca novos caminhos.

10 – Mahmundi – Para Dias Ruins

Marcela Vale continua refinando seu som, e Para Dias Ruins mostra a cantora e compositora mais à vontade e direta que a estreia. Como um amálgama de Marina Lima e uma Rita Lee oitentista,Mahmundi entrega pílulas sobre saudade, desencontros e relacionamentos às vezes solares, outras vezes agridoces. E segue funcionando muito bem.

09 – Almir Sater e Renato Teixeira – AR

A dupla, das mais celebradas da música popular brasileira, volta a versar sobre temas que lhe são comuns e que exercem extraordinário domínio em AR: são os melhores em retratar o Brasil do interior. Uma  viagem líndissima às raízes do sertanejo, com o toque do violão preciso deRenato Teixeira e o belo canto deAlmir Sater, que sempre se completam.

08 – Luiza Lian – Azul Moderno

Resultado de um caminho percorrido entre a mistura de psicodelia, MPB e eletrônica dos dois primeiros álbuns de Luiza Lian, Azul Moderno soa como um encerramento de uma trilogia e aponta novos caminhos estéticos. A cantora coloca a voz e a sua interpretação em primeiro plano com ótimas letras e ambiências que são construídas com rara meticulosidade

07 – Elza Soares – Deus É Mulher

Espécie de sequência de A Mulher do Fim do Mundo, Deus É Mulher mostra o que acontece quando a maior cantora do Brasil se deixa levar, essencialmente, pelo rock. O discurso que permeia o disco, afiadíssimo com nossos tempos, exalta a feminilidade (a faixa título, Crua), o sexo (Banho), ataca oportunistas (Exu nas Escolas) e reflete sobre como vamos. Essencial comoElza Soares.

06 – Dingo Bells – Todo Mundo Vai Mudar

O aguardado novo álbum dos gaúchos é calcado em excelentes melodias e letras, que falam sobre costumes, crônicas variadas sobre a vida moderna. Tudo é bastante simples e direto, soando coeso e poético ao mesmo tempo. Todo Mundo Vai Mudar condensa um tipo de pop bem feito que estava faltando por aqui, e abre caminhos para o Dingo Bells.

05 – El Efecto – Memórias do Fogo

Com Memórias do Fogo, já resenhado aqui, o El Efecto refina seu caldeirão sonoro e amplifica o discurso  com músicas poderosas, que passeiam pela história com reverência (Carlos e Tereza), com aula sobre consciência de classe (Café) e boas doses de ironia (O Monge e o Executivo). Para ampliar o alcance, com justiça, de uma banda necessária.

04 – Duda Beat – Sinto Muito

Duda Beat já havia chamado a atenção dos indies com ‘Chapadinha’, sua versão não-oficial dessa música de Lana Del Rey.Sinto Muito é um grande compilado de sofrência e aventuras e desventuras amorosas com um amplo leque de sonoridades. Longe de ser uma piada rápida, é música de quem sabe divertir e quer passar a mensagem, com muitos méritos.

03 – Quartabê – Lição #2: Dorival

Possivelmente o disco melhor gravado da lista, Lição #2: Dorival é uma porrada sonora cometida peloQuartabê. O grupo formado por Maria Beraldo, Mariá Portugal, Rafael Montorfano e Joana Queiroz desconstrói as canções de Dorival Caymmi na forma de um jazz torto, forte, hipnótico e ousado. Um verdadeiro assombro para ouvir muitas vezes.

02 – Gilberto Gil – OK OK OK

Gilberto Gil compôs, entre reflexões variadas sobre a vida e o estado de coisas, um disco de agradecimento ao seu médico por sua boa saúde. E como é bom ver Gil bem.OK OK OK traz algumas das melhores composições de sua safra em seu violão inimitável, bem como o coloca em um tipo de transição — há muito o que dizer de várias maneiras e ele sabe.

01 – Maria Beraldo – Cavala

Cantando principalmente sobre sua própria sexualidade, Maria Beraldo lançou uma pequena obra-prima que flerta com o experimental e acena para os grandes pilares da MPB. Composto por bases eletrônicas, beats e o toque de guitarra de Maria,Cavala é um álbum simples e mais direto direto do que parece, onde detalhes são descobertos a cada nova audição. Para se apaixonar aos poucos.

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