Thiago Pethit lança quarto disco, que reproduz clima sombrio
Com produção de Diogo Strausz, paulistano retoma a discografia com faixas inéditas e participações especiais como Maria Beraldo e Zé Manoel.
Sempre bem avaliado pela crítica, Thiago Pethit levou cinco anos desde seu último lançamento em disco, “Rock’n’Roll Sugar Darling”. Gravado em 2018 nos estúdios Diogo Strausz e Trampolim, chegou às plataformas digitais “Mal dos Trópicos (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação)“. A produção é do elogiado Strausz, reconhecido constantemente por ter produzido “Rainha dos Raios”, de Alice Caymmi.
Mal dos Trópicos é inspirado em clássicos do jazz, nas composições eruditas de Villa-Lobos, nas batidas do trip hop e nas poesias do paulistano Roberto Piva, poeta maldito dos anos 70/80. Além disso, tem participação orquestral do violista Marcelo Jaffé e de músicos do reverenciado Quarteto da Cidade de São Paulo, além do pianista pernambucano Zé Manoel, da cantora e compositora Maria Beraldo no clarinete, sua irmã, Marina Beraldo Bastos na flauta e Badé na percussão.
A faixa de abertura, “Abre-Alas”, tem um sugestivo overture de óperas teatrais, recorrendo ao retorno de Pethit aos estúdios. “Este anúncio de canções para tempos sombrios tem arranjo orquestral inspirado nas obras de Heitor Villa-Lobos, e no mito grego abrasileirado por Vinicius de Moraes, em Orfeu da Conceição”, conta Thiago
Na capa, com direção de arte de Pedro Inoue, parceiro de longa data de Pethit, eles produziram o que seria uma espécie de achado arqueológico.
“A ideia veio do Pedro Inoue. Eu ‘quebrado e eternizado’, como se tivéssemos encontrado um achado arqueológico do período clássico e que pudesse se parecer comigo. Primeiro fizemos as fotos. Uma tarde de fotos em 360 graus, imóvel, com Rafael Barion. Depois as imagens foram computadorizadas pelo CLAN VFX e transformadas em um arquivo 3D. E por fim, o processo final de tratamento de imagem do Nicolas Leite, que foi o mais complicado. Pois esculturas têm uma feição própria e não exatamente humanas. Então, o processo foi basicamente esculpir uma estátua com características do período clássico, mas que ainda assim tivesse algo da minha feição”, conta.
São nove faixas, ao todo, onde Thiago canta sobre a ausência de amor e esperança em uma São Paulo mitológica, onde lugares reais, como a Praça da República e o Edifício Copan, viram cenários para Pethit recriar o mito de Orfeu. Com o subtítulo Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação, o disco reimagina o herói grego, cantor e poeta como um personagem urbano. Voltando de sua temporada no inferno em busca de Eurídice, ele se depara com um país em luto em pleno Carnaval, enfrenta seus demônios nas ruas da República e tem seu coração devorado pelas Bacantes nos bares da Consolação.