Valciãn Calixto expõe o racismo religioso em single

 em música

Composta há mais de um ano, música se mostra urgente e atual

O piauiense Valciãn Calixto avança sobre sua ligação com a música de terreiro, iniciada no disco Nada Tem Sido Fácil Tampouco Impossível (2020), adicionando ritmos nordestinos para cantar seu novo single Exu Não É Diabo (Èsù Is Not Satan). A faixa vai integrar o EP Macumbeiro 2.0, previsto para agosto.

No novo trabalho, Calixto diz pretender desmistificar a concepção errônea que o Brasil tem de que a entidade e o orixá Exu, das religiões de matrizes afro, possam ter qualquer ligação ou semelhança com o diabo, figura coercitiva do cristianismo.

Episódios recentes de intolerância e racismo religioso explicam a urgência do tema, como o caso do serial killer Lázaro, morto nesta segunda-feira (28). Apesar de evangélico, foi acusado por policiais de práticas satânicas, associando erroneamente símbolos dos cultos de terreiros ao assassino, fortalecendo no imaginário popular o racismo religioso para com as religiões de matriz africana. O discurso oficial foi rapidamente propagado pelas redes sociais e imprensa nacional.

O resgate do “Caso Evandro”, de 1992, também foi citado pelo artista, em que série, reportagens e podcasts mostraram como três pais de santo foram torturados pela polícia e obrigados a confessar que sequestraram e mataram um garoto de sete anos. Um pedido de revisão criminal sobre o caso será impetrado no Tribunal de Justiça do Paraná.

Em Exu Não É Diabo (Èsù Is Not Satan), que Valciãn comemora ter aprendido cavaquinho em seis meses, ele destaca o caminho para uma nova consciência brasileira. A obra ainda inclui samples de Fora Bolsonaro, além de reza cantada em um congresso por Dona Palmira da Paraíba e do Samba de Coco Irmãs Lopes.

Foto em destaque: Yago Araújo/Divulgação

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