Carolina Maria de Jesus e Marielle Franco. Presentes!

 em política

Dia 14 de março marca um ano da execução de Marielle e o aniversário de nascimento da escritora Carolina Maria de Jesus, negras e faveladas, símbolos de luta

Neste dia 14 de março em que faz um ano que Marielle Franco foi executada, junto com o motorista Anderson Gomes, além da busca por justiça, com uma investigação que aponte a verdadeira motivação e os mandantes do crime, a data deve ser usada como um renascer, um marco para fazer das lutas de Marielle bandeiras permanentes para a mudança da nossa sociedade. Como não podia ser diferente, uma série de homenagens acontecem para marcar a data.

Coincidentemente, dia 14 de março também é lembrado pela celebração do nascimento de Carolina Maria de Jesus, em 1914 (há 105 anos), que, assim como Marielle, era negra e favelada. Sua história de luta, eternizada em livros, como o icônico “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada”, com uma escrita inédita, sem edição dos erros gramaticais, mostra como as biografias destas duas mulheres se confundem.

Carolina Maria de Jesus era mineira e mudou-se para São Paulo, onde vivia em condições precárias na extinta Favela de Canidé, entre as décadas de 1940 e 1950. Catadora de latinhas e papelão, no pouco tempo que sobrava ela se dedicava a escrever sobre a sua vida sofrida, tendo que sustentar os três filhos sozinha, o cotidiano da favela e os sonhos de uma vida melhor.

Acabou descoberta por um jornalista que esteve na Canindé para fazer uma reportagem na favela. Seus textos ganharam o jornal Folha da Noite (versão noturna da Folha de S. Paulo), dividindo leitores, mas houve também muitos muitos interessados pela autora que retratava de forma nua e crua a favela. Seus escritos ganharam forma e viraram o livro “Quarto de Despejo – Diário de uma favelada”, se tornando um best seller, traduzida em 16 idiomas e vendido em mais de 40 países.

Doodle do Google lembrou 105º aniversário de Carolina Maria de Jesus nesta quinta-feira

Já Marielle, preta, pobre, favelada e bissexual, começou sua luta no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio, ajudando os pais como camelô, sendo educadora infantil em uma creche até que, um fato trágico — a perda de uma amiga por bala perdida —  a fez começar a militar pelos direitos humanos. Fez pré-vestibular comunitário, entrou na faculdade através com bolsa de estudos e se formou socióloga pela PUC-Rio.

Foi assessora parlamentar de Marcelo Freixo por 10 anos e coordenou a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Em 2016, decidiu tomar a linha de frente da luta das causas que defendia e se candidatou a vereadora. Com mais 46 mil votos, foi a quinta mais votada na cidade, em sua primeira disputa eleitoral.

Ato Amanhecer por Marielle e Anderson na escadaria da Alerj, nesta quinta-feira, quando execuções completam um ano | Tomaz Silva/Agência Brasil

Aguerrida, bateu de frente e encarou os integrantes da velha política carioca, acompanhou o trabalho da Intervenção Federal na Segurança do Rio e também denunciou abusos policiais, violações de direitos humanos e defendeu as bandeiras dos direitos das mulheres e dos LGBTs.

Sua morte precoce, de forma brutal, interrompeu sua breve carreira política, mas não calou a voz de quem vive à margem, que mantém as causas e lutas de Marielle vivas, PRESENTES. Assim como o legado de Carolina Maria de Jesus, florescem, renascem, ganham um novo amanhecer. Como mostrou a Mangueira, campeã do Carnaval deste ano contando “a história que a história não conta” e trazendo as duas estampadas em bandeiras em uma das alas, é a hora das Marias e Marielles.

Carrega em seu DNA a Lapa, região boêmia onde cresceu e viveu a maior parte da sua vida. Respira a diversidade artística e cultural que também é o oxigênio do bairro de quatro letras.

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